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As Olimpíadas do preconceito

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A poucos dias do início dos Jogos Paralímpicos, fazemos um pequeno resumo da edição dos Jogos Olímpicos de 2024, decorridos entre os passados dias 26 de Julho e 11 de Agosto. 

Salientamos que esta foi a melhor edição de sempre, no que diz respeito à participação de Portugal, com 1 medalha de ouro conquistada pelos atletas Iúri Leitão e Rui Oliveira (Ciclismo de pista), 2 medalhas de prata conquistadas pelos atletas Iúri Leitão (Ciclismo de pista) e Pedro Pichardo (Atletismo) e 1 medalha de bronze conquistada pela atleta Patrícia Sampaio (Judo).

Pela primeira vez na história desta competição, atingiu-se a plena igualdade de género, tendo para este feito contribuído a participação de 41 atletas portuguesas, dos 73 que se apresentaram em Paris. A representação LGBTQIA+ também bateu recordes, com a participação de 199 atletas de 27 países, conquistando um total de 43 medalhas (16 de ouro, 13 de prata e 14 de bronze). 

Para concluir as “boas notícias”, não podemos deixar de parabenizar, em primeiro lugar, a atleta LGBTQIA+ Cindy Ngamba por conquistar a primeira medalha olímpica para o comité de refugiados. Em segundo lugar, parabenizamos a organização e a equipa liderada por Thomas Jolly, pela cerimónia de abertura. A cerimónia contou com elementos representativos da cultura LGBTQIA+ em posição de destaque, através da presença de drag queens, trazendo uma mensagem de amor, inclusão e paz. Num meio onde continua a ser tão difícil ser LGBTQIA+ , esta opção artística surpreendeu.  Este facto serviu como ponto de partida para as “Olimpíadas do Preconceito” a que assistimos nas duas semanas que se seguiram:

 

 

A cerimónia de abertura: A presença de drag queens numa aparente representação d’ “A Última Ceia”, de Leonardo da Vinci, levantou muitas vozes conservadoras. Este segmento da cerimónia gerou enorme controvérsia, incluindo assédio virtual e ameaças de morte a vários elementos organizadores e figurantes. A organização e o próprio diretor artístico, Thomas Jolly emitiram comunicados com pedidos de desculpa, justificando a representação como “uma festa entre Deuses do Olimpo”, uma referência à inspiração original dos Jogos na antiguidade. 

 

A perseguição à representação trans: Esta edição “escreveu” mais um capítulo na “saga: atletas trans”. A atleta Imane Khelif viu a sua condição de mulher cisgénero violentamente contestada após derrotar a adversária, em apenas 46 segundos, no seu primeiro combate de boxe. As acusações transfóbicas da adversária foram potencializadas por uma colectividade virtual que tudo fez para denegrir a imagem da atleta e de toda a comunidade de atletas trans. À data em que este artigo foi redigido, a atleta encontra-se num processo judicial contra algumas das pessoas responsáveis pela “onda” de ódio que a atleta recebeu, nomeadamente J.K. Rowling e Elon Musk (repetentes no que a declarações transfóbicas diz respeito). 

 

A conquista de Cindy Ngamba: A medalha conquista pela atleta de nacionalidade camaronesa, conta simultaneamente uma história de vitória e discriminação. A razão pela qual esta atleta representa o comité de refugiados está directamente relacionada com a sua sexualidade. Como mulher lésbica, Cindy sofreria discriminação, perseguição e arriscaria ser encarcerada no seu país, Camarões. O estatuto de refugiada permitiu-lhe fugir desta realidade que é a de muitas pessoas LGBTQIA+. O sucesso obtido pela atleta, demonstra primeiramente todo o esforço e trabalho dedicado ao seu desporto (boxe), mas demonstra também que é possível.    

 

Os Jogos de Paris foram pioneiros e “recordistas” em muitos parâmetros que consideramos fundamentais para um mundo mais justo e mais equilibrado. Não obstante, todas as polémicas associadas à causa LGBTQIA+ e o constante ataque à sua legitimidade, “deixam a nu” o progresso social de que ainda precisamos. 

 

João Sá

 

Webgrafia:

- https://comiteolimpicoportugal.pt/noticias/detalhe-da-noticia/?id=NEW-7988d064-f1fc-4835-a21f-ca078a5e9cb4

- https://comiteolimpicoportugal.pt/noticias/detalhe-da-noticia/?id=NEW-b09adb00-b5eb-40d5-ae1d-410e8e591eef

- https://expresso.pt/opiniao/2024-08-21-imane-khelif-e-a-medalha-que-e-ser-mulher-3db8c317

- https://olympics.com/en/athletes/cindy-ngamba

- https://olympics.com/en/news/opening-ceremony-paris-2024-olympics-glory-thomas-joly-artistic-director-event

- https://olympics.com/pt/noticias/paris-2024-primeiros-jogos-total-igualdade-genero

- https://pt.euronews.com/my-europe/2024/08/04/jogos-olimpicos-lideres-religiosos-reunem-se-em-paris-apos-polemica-com-a-cerimonia-de-abe

- https://sicnoticias.pt/especiais/jogos-olimpicos/paris-2024/2024-07-29-video-uma-polemica-parodia-de-a-ultima-ceia--afinal-nao-foi-nada-disso-que-se-passou-nos-jogos-olimpicos-2b76b7b8

- https://www.cnnbrasil.com.br/esportes/olimpiadas/franca-investiga-ameacas-de-morte-contra-diretor-da-cerimonia-de-abertura-da-olimpiada/

- https://www.equaldex.com/region/cameroon

- https://www.euronews.com/2024/07/31/in-our-olympic-world-we-all-belong-record-number-of-openly-lgbtq-athletes-competing-in-par#:~:text=The%20Paris%20Olympics%20set%20a,19%20and%20held%20in%202021.

- https://www.euronews.com/culture/2024/08/14/jk-rowling-and-elon-musk-named-in-cyberbullying-lawsuit-filed-by-olympic-champion-imane-kh

- https://www.outsports.com/olympics/

 

Foto:  https://pt.depositphotos.com/

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