Bandeira do orgulho queer redesenhada para ser mais inclusiva
Uma das bandeiras do movimento LGBTQI+ é a inclusão e a procura desta na sociedade.
No entanto, a bandeira mais usada é a de seis faixas arco-íris criada em 1979 (isto depois de sofrer adaptações de uma outra versão com oito cores, uns anos antes, criada por Gilbert Baker).
Originalmente, as cores representam vida (vermelho), saúde (laranja), o Sol (amarelo), a Natureza (verde), harmonia (azul) e espírito (índigo) mas com o passar dos anos, houve quem sentisse que a bandeira não era suficientemente inclusiva.
Em 1979, pessoas não-binárias ou trans eram excluídas dos movimentos reivindicativos da causa queer – aliás a sigla LGBTQI+ era, na altura, apenas conhecida como GLB.
É assim, que, em 2018, Daniel Quasar, um designer gráfico americano, cria uma nova versão da bandeira do orgulho, contendo uma asna (em heráldica, um V na bandeira) que inclui 5 novas faixas e cores.
Para além das habituais seis cores da bandeira arco-íris, a bandeira apelidada de Progresso adiciona o branco, o azul e rosa claros – representados na bandeira trans – o castanho e o preto.
Daniel Quasar diz que quis dar maior visibilidade às pessoas trans, assim como a pessoas racializadas (representadas pelo castanho e preto) e a pessoas mortas pelo flagelo da sida (representadas a preto). Há também quem veja na cor preta uma representação de qualquer tipo de sofrimento ou abuso e a homenagem a todas as vítimas de violência verbal e física, de exclusão e toda e qualquer forma de homofobia, bifobia e/ou transfobia.
Além disso, pode haver mais inclusão para além dos significados habituais das cores: o branco ou o amarelo são também cores associadas a pessoas não binárias e o branco também é uma cor para aliados queer (pessoas não queer que vêm a causa como justa e a abraçam). Além disso, o rosa e azul claros são também cores para qualquer tipo de feminilidade e masculinidade, respectivamente.
E as cores da faixa arco-íris também podem abarcar mais pessoas:
VERMELHO – Vida, mas presente na bandeira referente a Poliamor.
LARANJA – Saúde, mas presente na bandeira referente a Homorromântico. AMARELO – Sol, mas presente nas bandeiras referentes a Pansexual, Ceterossexual, Intersexo, Pangénero e Não Binário.
VERDE – Natureza, mas presente nas bandeiras referentes a Polissexual, Ceterossexual, Agénero, Trigénero, Aromântico e Queer.
AZUL – Harmonia, mas presente nas bandeiras referentes a Homem Gay, Bissexual, Polisexual, Pansexual. Omnisexual, Poliamor, Género Fluido.
ROXO – Espiritualidade, mas presente nas bandeiras referentes a Lésbica, Bissexual, Polisexual, Demissexual, Assexual, Intersexo, Género Fluido, Queer, Andrógeno e Não Binário.
Em Portugal, um esforço semelhante foi feito o ano passado por Miguel Rodeia e Carlos Bignotti, em que no canto superior direito de uma bandeira arco-íris de seis faixas se encontra um sinal de + estilizado com as cores da bandeira trans e a cor preta.
Com estes exemplos e associações de cores a orientações sexuais e românticas, identidades de género e características sexuais, quem sabe se a bandeira do progresso não pode, de facto, representar-nos a todos, todas, todes?
Paulo Piçarra