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Bruno e Getrudes: Já não há paciência para ser "gaja"!

Bruno Costa Gertrudes labaca Açores

Antes de mais, fervorosos parabéns ao Bruno pela iniciativa e jovialidade. 

A reportagem emitida pela RTP Açores não deixa margem de dúvida na essencialidade da promoção destas histórias de vida. Estar-se circunscrito numa ilha pode ser determinante. Felizmente correu-lhe bem! 

 

Vê a reportagem da RTP Açores aqui

 

A querer ser fiel à amplitude de temáticas e problemáticas retratadas pelo Bruno e personificadas pela Gertrudes, o desafio é fazê-lo em largas palavras! Em primeiro lugar, grata e feliz fiquei com o suporte demonstrado pela família e pela comunidade deste jovem que, como se sabe, as comunidades pequenas, em virtude dos protocolos e convenções sociais serem mais densos, não providenciam muito espaço para manobras no género.

O contagiante humor, aliado ao talento natural na interpretação da Gertrudes, abriu-lhe portas, além ilhas, para expressar, de forma segura, uma personagem que satiriza o quotidiano de tantas mulheres. Buscando inspiração nas conversas prosaicas do dia-a-dia e, nos desafios das suas vidas, tanto o Bruno como a Gertrudes, são alvo de rasgados elogios, tanto pelos clientes, transeuntes e moradores, como pelos seus milhares de seguidores nas redes sociais. Reconhecimento merecido, acrescente-se!

De todo o conteúdo que esta fantástica e inspiradora reportagem aborda, há um que mais “fervura me levanta”. Desta maravilhosa vila dos Açores em Rabo de Peixe, chega-nos mais uma pescadinha de rabo na boca! Ser-se Mulher!

O Bruno, para fazer nascer a Gertrudes, avidamente, consciencializou-se do quanto é difícil ser-se mulher. Há regras, esperem…! O rabo, o peito, as unhas, o cabelo, a pele, a depilação...uma multitude de padrões e adereços que se fazem necessários para que a Sociedade nos legitime enquanto mulheres. O protagonista em jeito de desabafo, ainda alude ao quanto a Gertrudes lhe está a absorver a casa, imagine-se! 

Assim, questiono-me… preciso de tudo isto para exercer o meu género em meio colectivo? A minha singela resposta, é não, mas como boa tresmalhada que sou, que nem a depilação faço no Inverno e, por vezes, nem no Verão, se calhar estou errada e certamente desleixada, leia-se!

Esta cultura do Control C, Control V disseminou-se mais rápido que uma epidemia. A Gertrudes, ficou imune! A Gertrudes não é ovelha e é livre de viver fora dos moldes sexistas e machistas que castram e mantêm a mulher em cativeiro e ainda barrada por parâmetros performativa e expressivamente definidos. - “As mulheres têm o direito a serem homens!” – exclamou. Ora bem, criando um paralelo com os papéis e a expressão de género masculina, que não vêm com manual de instruções sociais, que necessidade esta, desmesuradamente arbitrária, de manter-nos debaixo de scripts, padrões, normas e prescrições?!

Obrigada ao Bruno e à Gertrudes pela empatia, pelo ativismo na forma lúdica e, pelo dedo na ferida de muitos, muitas e muites pessoas que vivem e sobrevivem há séculos debaixo destas iniquidades, insistentemente, cristalizadas e, globalmente propagadas. 

Bring out the big guns!

 

Vânia Cavacas Pires