Cinco promessas internacionais da música LGBTQIA+
A representatividade LGBTQIA+ no panorama musical não é um tema recente, desde meados dos anos 70 que nomes mundialmente conhecidos como Elton John, Freddie Mercury e David Bowie levantaram a bandeira da diversidade e assumiram os primeiros passos fora do armário.
Julgamento Popular vs. Actualidade Representativa.
Apesar do talento inegável de vários artistas que iniciaram as suas carreiras no passado, a intolerância, a perseguição e o julgamento social foram realidades duras que os mesmos tiveram de sofrer até conseguirem o seu “lugar ao sol”.
A quebra de contratos pelo conservadorismo e a resistência à diferença fez com que alguns intérpretes e criadores como Ricky Martin tivessem de esconder a sua orientação sexual durante mais de metade da sua carreira. Actualmente a voz da comunidade não está presente apenas nas composições sonoras dos músicos, mas na militância e defesa dos direitos que estes fazem questão de usar como identidade para o mundo.
As cores da actualidade na bandeira LGBTQIA + em formato sonoro.
KIM PETRAS
Ficou conhecida na plataforma YouTube pelos seus covers e por ser das pessoas mais jovens a passar pelo processo de transição.
Começou em 2017 como artista independente lançando os seus primeiros temas como “I Want It All” e “Feeling Of Falling” entrando directamente para os tops da Billboard Dance/Electronic Songs.
Em 2023, Kim Petras fez história ao consagrar-se a primeira mulher trans a ganhar o Grammy de Melhor Duo Pop com o tema “Unholy”, mas a artista germânica já havia dado passos importantes quando se tornou a primeira mulher transgénero a chegar aos primeiros lugares do Top Spotify Global.
Petras colaborou com o centro LGBT de Nova York, onde criou uma acção de angariação de fundos destinado para ajudar a instituição. Arrojada no seu género Pop Dance, é das artistas mais cobiçadas da atualidade somando hits de sucesso e várias colaborações com outros artistas como Sam Smith, Charlie XCX e Paris Hilton.
GIRL IN RED
Marie Ringheim conhecida como Girl in Red é um cantora e compositora norueguesa que anda nas bocas do mundo depois do seu single “I Wanna Be Your Girlfriend” atingir mais de 100 milhões de streams no Spotify e ter estado no Top 10 da lista lançada pelo The New York Times, “As 68 melhores músicas de 2018”.
O seu estilo indie, envolve-se entre a mistura de um pop romance e um rock ligeiro que tornam as suas composições verdadeiras odes sobre relacionamentos, libertação sexual e saúde mental.
Em 2020 venceu na cerimónia dos Music Moves Europe Awards na categoria Public Choice Award e foi considerda pela revista Paper como “Icone Queer”. Em 2021 editou o seu primeiro álbum “If I Could Make It Go Quiet” produzido por Finneas, irmão de Billie Eilish. O álbum foi um sucesso comercial aclamado pela crítica arrecadando três Norwegian Grammys Awards incluindo o de Álbum do Ano. Girl on Red assume-se como pessoa queer. Este ano marca presença em Portugal actuando no Festival Nos Alive, no dia 7 de Julho.
FRANK OCEAN
Mesmo antes do seu tão aclamado e indicado ao Grammy primeiro álbum de estúdio, Frank já dava os primeiros passos de excelência na sua mixtape, “nostalgia,ULTRA, ao lado de Tyler, The Creator e os restantes membros do colectivo Odd Future, chamando a atenção de nomes do legado do Hip Hop como foi o caso de Jay Z.
Mas foi com Channel Orange (2012) que tudo mudou, o seu álbum primogénito, revolucionou a história do R&B não só pela qualidade, mas pela sua reivindicação LGBTQIA dentro da esfera musical ainda tão homofóbica do Rap e Hip Hop masculino. Faixas como “Thinking About You” ou “Bad Religion” geraram autênticos hinos LGBTQIA+ e o impulso para o marco da carreira de Ocean como homem Gay, assumido na indústria.
Frank continuou a dar passos gigantes com o lançamento de Blonde (2016), o seu segundo álbum e as mais variadas colaborações musicais, incluindo colaborações como os artistas do topo como Beyoncé.
Declaradamente activista, Frank Ocean criou um evento de homenagem ao que poderiam ter sido as discotecas dos anos 80 em Nova Iorque se a PrEP (profilaxia pré- exposição) tivesse sido inventada naquela altura.
PHOEBE BRIDGERS
Phoebe Bridgers é uma artista bissexual dos EUA conhecida pela sua voz suave e melodicamente hipnótica, num género muito próprio de Indie Rock e Folk. Depois de ter actuado num anúncio de publicidade de um lançamento da Apple, a americana foi notada em 2017 com o seu primeiro álbum “Strangers in the Alps”. Envolvida na política juntou-se a artistas como Fiona Apple para gravar uma cover de “7 O`Clock News/Silent Night” de Simon & Garfunkel actualizando-a em relação aos assuntos polémicos de 2019 (incluindo o assassinato de Botham
Jean, a epidemia de opioides nos Estados Unidos e o testemunho de Mick Mulvaney no primeiro julgamento de impeachment do ex-presidente Donald Trump).
O seu segundo álbum de estúdio, “Punisher” (2020), rendeu-lhe uma aclamada crítica da indústria e do público sendo indicada a 4 prémios da cerimónia dos Grammys de 2021: Artista Revelação, Melhor Performance de Rock, Melhor Canção de Rock e Melhor Álbum de Música Alternativa. Bridgers entrega uma lírica seca e directa onde aborda temas como o álcool, depressão e relacionamentos abusivos, temas que remetem à sua vida pessoal após a artista ter vivido um relacionamento tóxico com o intérprete Ryan Adams, e o alcoolismo do seu pai, que a inspirou a escrever temas como “Kyoto”.
OMAR APOLLO
Filho de pais mexicanos, embora nascido nos EUA, Omar Apollo começa a sua carreira em 2017, sendo logo apontado como a nova promessa da “cena musical alternativa”.
Apollo foi destaque em “Te Olvidaste” do artista espanhol C. Tangana, a canção recebeu duas indicações ao Grammy Latino de Gravação do Ano e Melhor Canção Alternativa.
Depois de 3 EP'S e uma Mixtape com muito burburinho pela parte da média digital eis que surge o seu primeiro álbum de estúdio “Ivory” (2022) o trabalho que o catapultou para o primeiro lugar dos tops americanos e lhe valeu a nomeação ao Grammy de Melhor Artista Revelação. A faixa “Evergreen” tornou-se viral no TikTok ajudando assim a música a estrear-se nos tops da Apple Music e na Billboard Hot 100.
Colaborou com variados artistas entre eles Kali Uchis e Daniel Caesar e ainda teve uma das suas faixas “Tamagotchi” co-produzida pela dupla The Neptunes (Pharell Williams e Chad Hugo).
Omar encontra-se em actualmente em tour com artistas como SZA e Billie Eilish, tendo já actuado em alguns dos maiores festivais do mundo como o Coachella. Recentemente foi acusado de Queerbaiting ao qual respondeu abertamente sobre a sua sexualidade afirmando-se como homem gay. O seu último single “3 Boys” mostra o seu lado original na composição sendo esta uma canção que fala sobre discordância, monogamia e poliamor.
Texto: Carlos Filipe Lima
Imagens: Gay Times, Billboard.