Dahmer, a nova polémica da Netflix perante a comunidade LGBT
“Dahmer – Monster: The Jeffrey Dahmer Story”, realizado por Ryan Murphy e com Evan Peters como protagonista, é a série documental mais vista dos últimos tempos na Netflix e a mais recente polémica da plataforma de streaming.
Jeffrey Dahmer, nascido na década de sessenta, cresceu num seio familiar instável e desenvolveu patologias mentais graves, as quais só foram acompanhadas no momento da sua detenção. Dahmer, durante a adolescência, percebeu que tinha mais atracção pelo sexo masculino e começou as suas abordagens românticas com rapazes. Muito provavelmente pelo quadro clínico mental ainda por descobrir, nunca teve sucesso nessas aproximações, pois achavam-no “esquisito”. Até que, após dizer que fazia um favor a um jovem que o abordara na estrada, cometeu o seu primeiro assassinato.
A partir daí, a sua abordagem tornou-se um padrão. Seduzia um homem numa sauna ou bar gay, dizendo que oferecia dinheiro se pudesse tirar umas fotos, levava-o para um lugar onde pudessem estar sozinhos, drogava-o e depois matava-o. Para além do homicídio de primeiro grau, ocorreu, com algumas vítimas, crime de violação, necrofilia, canibalismo e/ou desmembramento de cadáver.
Em 1991, Tracy Edwards, que seria a próxima vítima de Jeffrey, conseguiu fugir do apartamento do assassino e foi procurar ajuda junto das autoridades, que acabaram por deter Dahmer.
Foram momentos difíceis entre 1978 e 1991 nos Estados Unidos da América pelo desaparecimento de vários jovens, maioritariamente negros. Aqui prende-se a grande polémica da produção desta série, uma vez que as famílias das vítimas não foram notificadas para a realização de “Dahmer” já que os eventos são de registo público. Mesmo assim, o retorno deste massacre aos ecrãs veio fazer com que os familiares das vítimas revivessem os traumas provocados pelos vários homicídios e julgamentos até que se pronunciaram aos media o seu descontentamento.
Tendo em consideração o carácter desta série documental, os visualizadores pronunciaram-se contra relativamente à categorização “LGBT” feita pela plataforma. Isto indicava que havia a possibilidade de crença que o canibalismo e o assassinato estaria presente na nossa cultura, o que é totalmente errado e lutamos todos os dias para que estes crimes hediondos não aconteçam na nossa comunidade.
Assim, a Netflix retirou essa categoria, pelo menos algo sensato da parte da empresa, já que está a ganhar bastante retorno financeiro à volta de muito sofrimento.
É de lamentar a insensatez de uma empresa tão grande perante a nossa comunidade.
Rita Vagueiro de Oliveira