Conheceram-se em Toronto, há sete anos, quando Rosa participava em feiras orgânicas e Raquel se encontrava a estudar na mesma cidade. A primeira estava mais ligada à pastelaria e fazia gelados, a segunda fazia pão. Juntas, e apaixonadas pela cozinha, experimentavam novas receitas e vendiam os seus produtos, de bicicleta, pela vizinhança. Juntas, planearam uma viagem pela Europa, incluindo Portugal no roteiro. Nessa viagem, despenderam dois meses na quinta de uma família holandesa, como voluntárias, e aperceberam-se da multiculturalidade que está presente no Alentejo. Viver em Portugal não estava nos planos, contudo, foi o que acabou por acontecer.

Fotos: Cam Camarena

Começaram do zero, num monte alentejano, mais um, como tantos outros que albergam famílias provenientes de diferentes contextos. Igualmente do zero, começaram a produzir as iguarias que surgem a partir de ingredientes locais, como o pão de tomate e orégãos, que é uma das suas imagens de marca. Para Raquel, o Alentejo promove um encontro entre universos diferentes e ambas querem fazer «a ponte entre a cidade e o campo.» Rosa refere que sempre se apresentaram como um casal, apesar de muitas pessoas evitarem essa mesma expressão, no entanto, sentiram que sempre existiu respeito, o que contrasta com a situação que se vive no Brasil, onde a violência está mais presente.

O projecto de Rosa e Raquel está aberto à comunidade, apesar de já terem ouvido o comentário «padeiro é profissão de homem», porém, mesmo parecendo «fora do lugar», continuam a organizar divergentes eventos, ensinando a fazer queijo e pão e marcando presença nas feiras da zona. São duas mulheres, sim, são um casal e estão no sítio certo.

Podem seguir este projecto delicioso no Instagram: @dozero_culturaviva

Márcia Lima Soares

Fotos: Cam Camarena