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Duncan Laurence vence Eurovisão, uma das edições mais LGBTI de sempre

Duncan Laurence Thomas Hanses Netherlands Eurovisi

Sem Conan Osíris apurado para a final,a 64ª edição do Festival da Eurovisão, realizou-se este Sábado em Telavive. O cantor holandês Duncan Laurence venceu o certame.

O cantor, que falou abertamente da sua bissexualidade no decorrer da conferência de imprensa, deu um recado sobre a aceitação das diferenças:

“Acho que o mais importante é que se cada um se veja como é, eu vejo o Sergey (participante da Rússia) apenas como um ser humano, como uma pessoa que tem talento. Prenda-se ao que ama, faça o melhor possível e ame as pessoas por quem elas são. Essa é a mensagem mais importante. Sonhe grande!”.

O tema “Arcade” devolveu o troféu aos Países Baixos depois de uma pausa de mais de 40 anos. Assiste aqui ao vídeo da final:

Esta semana Laurence falou sobre sua orientação sexual durante uma conferência de imprensa quando questionado o que significaria passar à final: “Eu sou mais do que apenas um artista, sou uma pessoa, sou um ser vivo, sou bissexual, sou músico, defendo as coisas. E tenho orgulho de ter a oportunidade de mostrar o que sou e quem sou". Para ver a partir do minuto 06:30:

 

Tanto arco-íris em Telavive

O concurso é um dos eventos mais aguardados no ano pelos europeus e muito em especial pela comunidade LGBTI.

Numa edição em que a temática LGBTI esteve bastante presente destaque também para Bilal Hassani que se identifica como gay. De referir que o representante de França foi inundado por inúmeros ataques homofóbicos. O abuso foi de tal ordem que as organizações LGBTQ SOS Homophobie e Urgence Homophobie denunciaram mais de 1.500 tweets à polícia francesa. “A lesbofobia, a transfobia, a bifobia, mas também o racismo, a homofobia e a queerfobia não são uma opinião, mas um crime" reitaram as ONGs francesas. Bilal, de origem árabe, apelou dentro e fora do palco à aceitação da diferença e à liberdade. Um vídeo para ver com muita atenção:

Os Hatari da Islândia, respondendo a uma pergunta de Ricardo Duarte, do dezanove.pt, também afirmaram que todos na comunidade LGBTI têm o direito a ser e amarem quem quiserem. Para conferir a partir do minuto 46:50 aqui:

Já Tamara Todevska da Macedónia do Norte tinha deixado claro que é preciso ter orgulho em ser quem somos com o seu tema Proud.  Muitos acreditaram que quase levaria o troféu para Skopje ou Escópia, a capital do país que recentemente mudou de nome. 

Mahmood, o representante de Itália de origem egípcia, e segundo classificado no concurso, também se manifestou publicamente contra a perseguição de gays no Egipto. 

Na cerimónia de abertura, Jonida Maliqi, a cantora da Albânia levou uma indumentária com as cores do arco-íris e explicou em conferência de imprensa ao Ricardo Duarte do dezanove.pt as razões para esse acto (a partir do minuto 10:55): "Amor, Paz e Respeito, porque a vida deve ser como um arco-íris".

Durante as semifinais da competição deste ano, as câmaras de televisão focaram beijos entre casais do mesmo sexo quando Dana International interpretou uma versão de “Just the way you are” de Bruno Mars.

Foi o motivo para mais um momento para a homofobia em directo na televisão da Bielorrússia já que o próprio apresentador da televisão disse: “Oh meu Deus! Talvez seja melhor não assistirmos!” Mas, para além desta actuação muito elogiada da vencedora de 1998, esta edição prometia bem mais. A começar pelo apresentador israelita Assi Azar que não se coibia de fazer referências à sua orientação sexual ou ao seu marido; pela presença do maior ícone gay dos últimos tempos, Madonna, e claro, Conchita Wurst ou Verka Serduchka. Já para não falar de todos nós que seguimos a Eurovisão ano após ano.

 

Tudo é político

A actuação da Rainha da Pop era dos momentos mais aguardados. Um milhão de euros pelas actuações de Like a “Prayer” e de “Future” deixava muita expectativa entre os fãs. Mas foi a mensagem política de Madonna que fez soltar os alarmes da consciência. Dois bailarinos de Madonna abraçaram-se e mostraram momentaneamente bandeiras de Israel e da Palestina nas costas das suas indumentárias. A actuação terminou com a expressão 'Wake Up' (Acordem, em português) projectada nos ecrãs. A organização do 64.º Festival Eurovisão da Canção admitiu ter sido apanhada de surpresa pela acção da cantora e frisou que a cantora tinha sida avisada que este era um evento não político. Tal como sucedeu com Conan Osíris, que não ficou apurado para a final, Madonna tinha recebido vários apelos para boicotar o concurso, mas acabou por aproveitar a sua participação para tomar uma posição face ao conflito que se arrasta há décadas entre israelitas e palestinianos. Engenhosamente antes da actuação Madonna soube preparar o terreno: pediu que os milhares presentes em Telavive e os milhões em casa cantassem “Music makes the people come together” e que "nunca subestimassem o poder da música para juntar as pessoas".

Mas este não foi caso único. Os elementos da banda Hatari da Islândia, apoiantes da causa palestiniana, mostraram bandeiras da Palestina durante o evento. De acordo com a organização, a Islândia pode "ser punida" devido a este acto.

A organização do concurso refere que "as consequências deste acto serão discutidas na próxima reunião do conselho executivo do concurso.

 

A próxima edição do maior evento televisivo de música no mundo acontece em Maio de 2020. Até lá!

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Ricardo Duarte, Carlos Santos e Paulo Monteiro

Créditos da foto: Thomas Hanses