“É o coração que escolhe” – o livro infantil que todas as crianças e adultos têm de ler
“É o coração que escolhe” é o nome do livro infantil de Ana Alegre, que está recomendado pelo programa LER+ Plano Nacional de Leitura. Foi escrito em 2017 pela então aluna da Escola Superior de Educação de Coimbra e conta com 32 páginas, ilustrações de Maria Guião Pimpão e uma mensagem importante a retirar.
O livro foi escrito tendo como ponto de partida uma determinada questão, feita pela autora: “e se escrevesse sobre a homossexualidade, mas numa perspectiva inversa da que ocorre normalmente? E se o normal fosse ser homossexual e alguém, apercebendo-se de que era heterossexual, perguntasse se é possível gostar de pessoas de sexo diferente...".
Neste sentido, a autora relata, através das poucas páginas, a história de um menino chamado Eduardo que adorava brincar com as suas duas mães e de Francisca que tinha dois pais. A determinado momento, as duas crianças, que até então não se conheciam, encontram-se, num parque. Conversam, riem muito e, daí em diante brincam todos os sábados no mesmo local. A certa altura, com o avançar do tempo, ambos se questionam se o que começavam a sentir um pelo outro era normal, uma vez que, acreditavam que deveriam sentir um formigueiro por alguém do mesmo sexo. Essa ideia é rapidamente desconstruída pela mãe de Eduardo, ficando claro para as crianças que “nós não escolhemos de quem gostamos (…) é o nosso coração”.
Efectivamente, de forma simples e clara, Ana Alegre transmite uma mensagem importante às crianças, mas não só. O que é considerado normal nada mais é do que uma construção social, circunscrita a um determinado espaço e tempo. As categorias, os termos e as formas pelas quais se consegue compreender o mundo são artefactos sociais, produtos de inter-relações entre pessoas, com especificidade histórica e cultural. A normalidade depende dos vários actores envolvidos, das perspectivas, das crenças, das sociedades. Aquilo que vai sendo considerado normal e desviante não passa de uma realidade socialmente construída, na maior parte das vezes, por grupos dominantes, que marginalizam, excluem e estigmatizam quem não obedece às normas estabelecidas. De facto, a sensação de que estamos a ser/sentir algo de errado, que estamos deslocados da realidade socialmente construída, está também implícita nesta curta história.
Assim sendo e, de forma resumida, o livro de Ana Alegre, pode ser o ponto de partida para um debate muito importante, que deve, sem dúvida, ter espaço nos mais variados locais, nomeadamente nas escolas.
Não fiquemos aprisionados em rótulos e padrões normativos! Se te faz feliz, não é errado!
Sara Lemos
PASSATEMPO:
Começa hoje a Feira do Livro de Lisboa. O dezanove.pt tem três livros " É o coração que escolhe" para oferecer aos seus leitores. Um livro para quem nos segue no Facebook, outro para quem nos segue no Instagram e outro para quem nos segue no Twitter. Basta enviares uma mensagem para uma das nossas redes sociais com o nome do teu livro de temática LGBTI+ preferido e o porquê. No dia 12 de Setembro divulgaremos os vencedores. Até lá: Boas leituras!