Eleições Europeias e as pessoas LGBTI+: Análise ao programa eleitoral da Aliança Democrática Nacional
A Aliança Democrática Nacional (ADN) apresenta-se às eleições europeias com Joana Amaral Dias como cabeça de lista. A candidata foi já autora de diversas manifestações de transfobia, incluindo as declarações profundamente transfóbicas contra a eleição de Marina Machete como a primeira mulher trans a vencer o concurso Miss Portugal. Destaca-se ainda a manifestação de repúdio relativamente à lei que proíbe terapias de conversão, argumentando que “não cabe ao Estado interferir” na relação entre pacientes e terapeutas.
Nestas eleições europeias, a ADN assume-se como "anti-woke" e vê a União Europeia como uma perda de soberania que contribui para o atraso no crescimento económico do país. Entre as principais propostas do seu programa, destaca-se a intenção de limitar significativamente o poder da UE e restringir a migração para o espaço europeu.
No campo internacional, a ADN defende a redução das sanções à Rússia e a países da Ásia e o estabelecimento de parcerias com países como os Estados Unidos, a China e a Índia. A nível económico, o partido propõe diversas medidas para apoiar as pequenas e médias empresas (PME), incentivar o desenvolvimento tecnológico através de investimento privado e promover a agricultura sustentável e a pesca. Complementarmente, apresentam propostas para investimentos em infra-estrutura, serviços públicos e tecnologias futuras.
Em relação ao ambiente, a ADN propõe eliminar as taxas sobre o CO2 e reduzir os custos de energia e ainda o restabelecimento de contratos de fornecimento de petróleo e gás de longo prazo, comprometendo-se paradoxalmente a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
Relativamente ao projecto europeu, a ADN critica os processos de adesão à UE, nomeadamente a política da adesão da Ucrânia, Moldávia e Geórgia, considerando a sua adesão economicamente inviável e politicamente problemática.
Por último, destaca-se a marcada lacuna no programa da ADN em medidas específicas para a protecção de pessoas LGBT e outras minorias, bem como preocupações com a igualdade de género. Relembrando de novo as atitudes de Joana Amaral Dias que reflectem uma postura lgbtfóbica e transfóbica, esta candidatura levanta sérias preocupações sobre o compromisso do partido com a igualdade e os direitos humanos.
Consulta o programa eleitoral da Aliança Democrática Nacional aqui: https://adn.com.pt/programa-eleitoral-partido-adn-europeias-2024/
Foto: https://depositphotos.com/
Cláudia Almeida