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"Eu não sou tudo o que quero ser" nos cinemas a 12 de Dezembro  (passatempo)

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O filme que conta a história de Libuše Jarcovjáková, um dos nomes mais importantes da fotografia checa, chega aos cinemas no dia 12 de Dezembro. Realizado por Klára Tasokvská e com o carimbo da No Comboio, “Eu Não Sou Tudo o que Quero Ser” constrói a sua história a partir de fotografias e entradas de diário escritas por Libuše  - a fotógrafa que a história intitula de “Nan Goldin checa”. A sessão especial de estreia realizar-se-á no Cinema Ideal e contará não só com as duas artistas, mas também com Delfim Sardo - curador, ensaísta, professor e administrador do CCB.

Através da fotografia de Libuše e da realização de Klára, podemos esperar uma viagem pela Praga soviética, onde o estado era institucionalmente homofóbico, e ser-se LGBTQ era punido por lei. O trabalho da artista é não só sobre a cena queer de Praga, mas também sobre uma busca da sua própria identidade, a descoberta da sexualidade e a história de ser Mulher. Um dos seus trabalhos mais marcantes são as fotografias do T Club, um bar gay clandestino, localizado em Praga - entre 1983 e 1985.
O dezanove tem convites para te oferecer, mas antes, vamos descobrir um pouco mais sobre as duas artistas - e também como foi esta colaboração através de uma curta entrevista:

 

dezanove.pt: Para os leitores que possam não estar familiarizados com o seu trabalho ou com o mundo da fotografia, o que a levou a seguir este caminho? E em que momento decidiu focar-se em retratar as comunidades queer ou marginalizadas?

Libuše (L): Cresci numa família de artistas, por isso fui fortemente influenciada pelo mundo da arte visual. Não demorou muito até descobrir a minha própria forma de expressão - a fotografia. Permitiu-me explorar o mundo à minha volta e a mim própria, através da câmara. No ambiente totalitário da Checoslováquia, estávamos bastante isolados, sem possibilidade de viajar. Naturalmente, concentrei-me nos temas de grupos excluídos e marginalizados: o povo cigano, trabalhadores vindos do Vietname, o mundo nos clubes LGBTQ. Fiquei fascinada pela alteridade dessas comunidades - por elementos que eram completamente visíveis e também por todos os aspectos escondidos, à espera de serem descobertas.

 

Como alguém que já trabalhou em Fotografia, muitas vezes enfrentei um dilema interior: por um lado, queria usar a minha arte para processar desafios pessoais e criar trabalhos que pudessem ajudar outras pessoas em situações semelhantes. Por outro lado, tinha sempre medo de me expor demasiado. Já sentiu o mesmo? Como lidou com esses sentimentos, ou que conselho daria a alguém que está nesta posição?

L: Uma grande vantagem do meu trabalho foi a impossibilidade de partilhá-lo, e desenvolvê-lo sem um público. As fotografias foram criadas para mim, a partir duma necessidade interior profunda. (...) Isso deu-me uma imensa liberdade - não tinha de censurar nada. Nunca esperei que, um dia, estas imagens tão íntimas se tornassem parte do meu portfólio artístico. Mas cheguei à conclusão de que estas são, essencialmente, mensagens universais, humanas, e a minha pessoa pode, ou melhor, deve ficar em segundo plano. (...) Para mim, é importante ser autêntico no trabalho. E não me preocupar demasiado com o que os outros pensam sobre o meu trabalho.

 

“Eu não sou tudo o que quero ser" é uma viagem complexa e íntima pelo trabalho e vida pessoal de Libuše. Imagino que construir uma ligação forte tenha sido crucial para permitir que ambas fossem vulneráveis e autênticas uma com a outra. Como foi este processo? Se tivessem de resumi-lo em apenas uma palavra, qual seria?

L: Sou profundamente grata por ter encontrado uma criadora receptiva como a Klára Tasokvská. Considero a nossa ligação cooperação uma inspiração incrível e um grande presente.

Klára (K): Para mim, foi definitivamente sobre harmonia total - não apenas com a Libuše, mas também com a equipa criativa.

 

Nos últimos anos, temos assistido a uma expansão de um regime político mais conservador, particularmente em vários países europeus. O aumento alarmante dos crimes de ódio, particularmente contra a comunidade LGBTQ+, é profundamente preocupante. O trabalho da Libuše tornou-se um legado importante, não só no campo da fotografia, mas também ao desafiar um sistema político e social inerentemente homofóbico. Como vêem o panorama atual? E que mensagem gostariam de partilhar com os nossos leitores, especialmente com os jovens LGBTQ+?

L: Como qualquer pessoa sensível, fico profundamente perturbada com expressões tóxicas, populistas e anti-humanas. Tento trabalhar nas áreas onde posso actuar - especialmente como professora. Faço o que posso - falar com as pessoas, chamar a atenção para os perigos das notícias falsas, discutir.
K: Infelizmente, continuamos a assistir a crimes de ódio contra a comunidade LGBTQ+ aqui na República Checa e também na Eslováquia. Há apenas 1 ano, em Bratislava—apenas a três horas de onde vivemos — dois jovens foram tragicamente mortos a tiro, à porta de um clube gay.

Este trágico acontecimento reforça a razão pela qual é tão importante para mim trazer este tema para o meu trabalho. Esforço-me por mostrar que a diversidade é uma parte natural e bela da vida, capaz de nos enriquecer e inspirar a todos. A minha esperança é que todos possam experienciar e abraçar este entendimento.


Entrevista de Maria Raposo 

 

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Passatempo:

Com o dezanove.pt terás oportunidade de ganhar 5 convites duplos, para a sessão das 19h45 de 13 de Dezembro, em Lisboa (Cinema City Alvalade).

Como participar?

Basta subscreveres a nova newsletter do dezanove.pt e reenviares a mesma para: dezanovept@gmail.com com o teu nome completo e o nome do filme - “Eu não sou tudo o que quero ser”.

Os vencedores serão informados por email até dia 11 de Dezembro.  Fica com atenção ao teu email e não participes caso não tenhas a certeza que possas ir! Depois de atribuídos os convites não podemos alterar nomes.