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Eurovisão: dos primeiros dias até à vitória de Conchita Wurst

“Rise Like a Phoenix” era sem dúvidas uma das mais fortes candidatas à vitória, mas como foi viver uma semana entre tantas outras músicas desta 59ª edição do Festival da Eurovisão?

 

Antes da primeira semi-final Portugal rondava o 12º lugar nas apostas o que não era bom indicador para alcançar a participação na final de Sábado.

Na terça-feira, 6 de Maio, foi o dia primeira semi-final onde participaram a Arménia, Letónia, Estónia, Suécia, Islândia, Albânia, Rússia, Azerbaijão, Ucrânia, Bélgica, Moldávia, São Marino, Portugal, Países Baixos, Montenegro e Hungria. Dez passaram à final e seis (Bélgica, Moldávia, Albânia, Letónia, Estónia, e infelizmente também Portugal) ficaram para trás.

Apesar da canção portuguesa não ter ido à final, a cantora Suzy foi admirada por muitos dos presentes em Copenhaga devido à sua simpatia e boa disposição. O não apuramento de Portugal foi um choque para muitos. Comentava-se que a canção era   alegre e devia estar na final. Tanto no Eurovision Fan Café como no Euroclub, cada vez que a canção “Quero Ser Tua” era tocada, levantavam-se todos e cantavam com alegria e boa disposição. Facto inegável foi Suzy ter conseguido pôr os participantes da Eurovisão 2014 a cantar em português. A canção portuguesa ouviu-se muito e conseguiu-se passar uma boa imagem de Portugal para a Europa. Há quem considere que Suzy conquistou o coração da Europa.  

Quinta-feira, 8 de Maio, foi a noite da segunda semi-final onde participaram Malta, Israel, Noruega, Geórgia, Polónia, Áustria, Lituânia, Finlândia, Irlanda, Bielorrússia, Macedónia, Suíça, Grécia, Eslovénia e Roménia. Destes quinze participantes dez foram apurados para a final de Sábado. Os cinco: Israel, Irlanda, Macedónia, Lituânia e Geórgia ficaram para trás.

Esperava-se com muita ansiedade que a Áustria fosse apurada para a final com a cantora travesti Conchita Wurst que interpretou “Rise Like a Phoenix”.

Como sempre, no fim de todas as actuações os anfitriões anunciam as canções seleccionadas para a final pelo júri e pelo público. Estrategicamente, dado o muito desejado apuramento de Conchita Wurst e para manter o ambiente de suspenso,  Conchita foi mencionada em último lugar o que fez o estádio explodir de emoção e lágrimas ao saber que a artista tinha passado à final.

Na conferência de imprensa que se seguiu, foi colocada uma caricata questão a Conchita: “Faria a transformação de sexo caso ganhasse o festival?” A cantora respondeu “Conchita Wurst é uma personagem criada por Tom Neuwirth, que se sente bem como homem e não sente necessidade de fazer qualquer transformação físico/hormonal a ele próprio”.  

 

A final da Eurovisão, no Sábado, foi, como sempre, recheada de emoção, fanfarra e também muita solidariedade. Todos os artistas deram o seu melhor e tornaram o espetáculo num êxito. Por fim chegou o momento mais ansiado da noite. A contagem.

Foram vividos momentos tensos entre os aplauso intensos à tão falada Conchita Wurst e muitas vezes vaias quando se ouvia a Rússia ou qualquer menção da sua participação. Assobios e apupos não pela actuação das Tolmachevy Sisters, mas sim pelo simbolismo das políticas repressivas do presidente Vladimir Putin. Situação que chegou ao ponto dos anfitriões pedirem para separar a política da música.

Este ano o dezanove.pt  teve acesso ao centro de imprensa da Eurovisão, local onde chegam informações em primeira mão.

Pouco antes da contagem ter começado a anfitriã Lise Ronne falou com o produtor executivo da Eurovisão Jon Ola Sand para informar que a contagem dos votos já estava feita em todos os países e a partir desse momento podia começar a transmissão dos pontuações por país.

Os grandes votos (onde os mais esperados são sempre os “twelve points”) eram claramente repartidos entre a Áustria, a Holanda, a Suécia e a Arménia. Durante a segunda metade das contagens tornou-se evidente que a Áustria e a Conchita tinham ganho. O estádio entrou em euforia e histeria quando a vitória foi anunciada oficialmente. Nos ecrãs focavam-se numa Conchita muito chorosa e incrédula que subiu ao palco depois de ter abraçado Emilie de Forest (vencedora dinamarquês da Eurovisão em 2013). Conchita agradeceu ao público por ter acreditado na paz e na liberdade e considerou que nós (os que acreditamos nos mesmos princípios) somos imparáveis.

 

 

Conchita voltou a cantar a sua canção “Rise Like a Phoenix” com o mesmo furor, glamour e dignidade como durante o espetáculo. 

Todos os anos realiza-se o Festival da Eurovisão, mas o que destaca este ano dos outros é que o vencedor vestiu-se na pele de vencedora, despido de medo e de preconceito sem comprometer o que ele é. Teve a coragem de ser ele mesmo num palco perante toda a Europa representando os princípios de diversidade, igualdade e inclusão abrindo o concurso como nunca antes à possibilidade de cada uma e cada um ser ela ou ele mesmo.

 

Depois do concurso ter acabado, decorreu a conferência de imprensa [assistir a toda a conferência neste link]. Muitas questões foram colocadas à [nossa] Conchita incluindo “O que ela diria ao presidente Putin se ele estivesse presente?” a vencedora respondeu sucintamente “Somos imparáveis!” ou se “Aceitaria o próximo papel de “Bond Girl?”, Conchita riu-se e respondeu que “sim”.

Segundo Conchita nesta competição havia três divas: Suzy de Portugal, Ruth de Espanha e claro ela.

Ao minuto 20, o dezanove.pt perguntou-lhe como tinha sido o percurso da sua carreia a partir do momento em que tinha começado a cantar até ter ganho a Eurovisão. Conchita, de 25 anos, respondeu que “a música é a grande paixão da sua vida e que está a fazer o que sempre fez e adorou fazer ao longo de toda a sua carreira.”

Mais uma vez, a Eurovisão não desiludiu: muita música, muita festa, muita alegria naquele que é talvez o maior evento hetero-friendly do mundo.

 

 

Ricardo Duarte, em Copenhaga