O Presidente começa por dar uma conotação misógina ao nome do colectivo (Já Marchavas), dizendo que “dantes até usava isso de outra forma, noutros contextos”. Esta não é a primeira vez que Fernando Ruas ironiza o nome do colectivo.

Fernando Ruas delira ao ponto de comparar clubes de futebol como o Académico de Viseu e o Viseu 2001 – Associação de Futebol de Viseu, com uma causa que se prende com direitos humanos. Não há qualquer associação possível entre coisas que não são comparáveis. O Presidente compara um clube desportivo a colocar a sua bandeira no edifício do Município como sendo o mesmo que hastear uma bandeira arco-íris. Não é “a nossa bandeira”, mas sim um símbolo de liberdade e de diversidade para todas as pessoas.

O presidente confirma ainda que o apelo da Plataforma nunca será uma realidade durante o seu mandato: “tirem daí o cavalinho da chuva (…) se querem, escolham outro local, e não pensem que é por ser retrógrado. Tanto me faz as ideias que defendem, marchem para onde quiserem.”

“Façam lá as manifestações à vontade, desde que sejam legais, não há impedimento da nossa parte nenhum, nenhum, nenhum. (…) mas não sejam mais papistas que o Papa, não queiram coisas que os outros não podem ter. Portanto, se nos vierem pedir aquilo que é impossível, não estaremos aqui…”

Fernando Ruas volta a insistir que o espaço foi cedido no Teatro Viriato, sabendo perfeitamente que o Município nem sequer irá participar nesse acto do hastear da bandeira no Teatro. Não é a Plataforma que quer hastear uma bandeira. É o Município que devia assumir como um ato oficial, tal como acontece em mais de 25 municípios em Portugal.

“Conservador não sei. Se calhar conservador dos bons costumes não é mau. Se conservou os bons costumes não é nada mau. Portanto, não acho que os viseenses fiquem muito satisfeitos com essa tentativa de rótulo. Nós somos tão abertos como os outros.”

A Câmara Municipal de Viseu tem orgulho em ser conservadora, nós temos orgulho em defender os direitos humanos. Lamentamos que o Município de Viseu se rege pelos velhos “bons costumes” e que não queira implementar políticas públicas de integração para todas as pessoas.

A visão tradicionalista e bafienta do actual executivo é um sinal claro de quem se coloca contra as pessoas Queer, sobretudo nos tempos reaccionários e fascizantes que vivemos, pondo em causa as conquistas alcançadas. Mais do que um retrocesso, vivemos o perigo iminente de um apagamento de conquistas e da nossa memória coletiva.

Repudiamos as afirmações de Fernando Ruas, assim como a posição intransigente do Município de Viseu em não hastear uma bandeira que representa a defesa dos direitos humanos. O Município não leva a sério os direitos LGBTQIA+. Exigimos reconhecimento, exigimos direitos, exigimos visibilidade!