Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Dezanove
A Saber

Em Portugal e no Mundo

A Fazer

Boas ideias para dentro e fora de casa

A Cuidar

As melhores dicas para uma vida ‘cool’ e saudável

A Ver

As imagens e os vídeos do momento

Praia 19

Nem na mata se encontram histórias assim

Gal Costa: A Voz da Liberdade e do Amor em filme (com trailer)

IMG_3388MeuNomeEGal_StellaCarvalho_.JPG

O filme começa com Gal em criança a fazer vocalizações numa panela grande. A voz do Brasil germinava ali, em plena Bahia, terra do que vem a ser o movimento cultural Tropicália. Serão os baianos como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Gal Costa que darão corpo a este vendaval que vai enfrentar a ditadura militar. A atriz Sophie Charlotte interpreta o papel de Gal, numa homenagem à vida e ao trabalho da artista. O filme tem estreia marcada, nas salas portuguesas, a partir do dia 7 de Março, de 2024.

MEU NOME É GAL - Cartaz WEB.png

O filme leva-nos pelo percurso da cantora, desde a infância de Gal, uma menina tímida criada por sua mãe, Maria, até ao 20 anos, altura em que Gal decide deixar sua terra natal e rumar ao Rio de Janeiro. 

Já no Rio, Gal é recebida por Dedé, numa casa onde se refugiam artistas que querem mudar a cena cultural brasileira e, com Caetano, Bethânia e Gil, amigos de infância, se tornariam alguns dos maiores nomes da música brasileira, e juntos embarcam em uma jornada de descobertas e realizações conforme relata a canção “Eu vim da Bahia”. 

Na sua estreia no estúdio Gal grava a música "Baby", lançada no álbum "Gal Costa" de 1969. Este fonograma foi lançado pela editora discográfica Philips Records e foi um grande sucesso comercial, vendendo mais de 500 mil cópias no Brasil. A música "Baby" foi uma das faixas mais populares do álbum e ajudou a impulsionar a carreira de Gal Costa. 

Ao longo de sua vida, Gal Costa teve relacionamentos amorosos com homens e mulheres, desafiando as normas sociais e culturais da época. Esses relacionamentos foram uma expressão de sua liberdade e autenticidade, e ampliaram o sentido da liberdade em tempos de trevas.

A música "É proibido proibir", de Caetano Veloso, tornou-se um hino da contra-cultura e da luta pela liberdade de expressão. A voz de Gal Costa, juntamente com a de Caetano e outros artistas, foi fundamental na disseminação dessas ideias e na resistência à ditadura militar no Brasil.

Antes da prisão dos amigos Caetano e Gil, o filme mostra-nos a importância da participação de Gal Costa Festival da Canção com a música "Divino Maravilhoso", uma das canções mais emblemáticas do movimento tropicalista. A letra e música são de autoria de Caetano Veloso e Gilberto Gil. A letra é reflexo dos tempos sombrios da ditadura. Escuta-se: "É preciso estar atento e forte/ não temos tempo de temer a morte/ É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte/ É preciso inventar de novo/ A alegria, a alegria A alegria, a alegria".

Com o regresso à democracia, Gal Costa continuou a sua carreira com uma série de álbuns solo e colaborações com outros artistas. Algumas das canções mais conhecidas de Gal Costa nessa fase incluem "Vaca Profana" (1984), uma das canções mais emblemáticas de Gal a partir de uma composição de Caetano Veloso, que reflecte sobre a liberdade e a sexualidade feminina.

O regresso ao Rio de Janeiro vai ser uma resposta ao aperto da ditadura militar que impõe elevadas restrições nos anos 70. A prisão de Caetano e Gil e o consequente exílio farão da voz de Gal, a voz da liberdade e do amor "dos pés à cabeça", uma referência à música “Dê um Rolê", de 1972 do álbum “Fa-Tal - Gal a todo Vapor”. O filme termina num desses concertos em que há a ameaça da presença de militares para prenderem pessoas. Nesse momento Gal Costa, pela brilhante Sophie Charlote anuncia queO show não vai parar”. 

Ao longo de sua carreira, Gal Costa se destacou pela sua voz única e sua capacidade de interpretar uma ampla gama de estilos musicais, do samba à bossa nova, da MPB ao rock. Tornou-se uma das vozes mais importantes da música brasileira, e seu legado continua a inspirar artistas de todas as gerações.

"O meu nome é Gal" é mais do que um filme sobre música. O filme é uma celebração da vida e da arte, e um lembrete do poder transformador da música. A cantora Gal Costa não chegou a ver o filme devido à sua morte, em 22 de Novembro de 2022, na cidade de São Paulo. No entanto, seu legado continua a inspirar artistas de todas as gerações, e sua música continuará a ser ouvida e apreciada por muitos anos.

 

Texto: André Castro Soares

Foto: Stella Carvalho