Estas obras apresentam-nos, em conjunto, a história de vida de uma conhecida prostituta e quadrilheira das camadas sociais mais baixas da vida portuense, que exibia, com audácia, a sua bela amante, uma costureira chamada Teresa Maria de Jesus (Etelvina, no romance) jovem de dezoito anos, enquanto se vestia de homem e fumava charutos. Henriqueta Emília da Conceição e Sousa, nascida no Porto em 1840, escandalizava assim o país na segunda metade do século XIX.

A representação estereotipada das mulheres lésbicas de quem se pressupunha uma espécie de degradação moral – prostituição, por exemplo – é uma das notas a ressalvar destas obras.

Ainda assim, as publicações conseguem mostrar-nos um lado romantizado e dramático da figura real de Henriqueta Emília da Conceição e Sousa, que acaba por guardar a cabeça decapitada da amante falecida, a quem ergueu um monumento funerário.

Ambos os livros relatam a vida, de certa forma escandalosa (à época), da mulher portuense muito sui generis.

Pedro Marques