Horror no Senegal
AVISO: Este artigo contém descrições de violência que alguns leitores podem achar chocantes. Incluímos uma captura de ecrã, mas decidimos não partilhar os vídeos.
A Amnistia Internacional, juntamente com duas organizações de direitos humanos senegalesas, "condenou vigorosamente" o incidente num comunicado, acrescentando que "viola a dignidade do falecido e da sua família".
A Amnistia há muito que denuncia a deterioração da situação das pessoas da comunidade LGTBQ do país, muitas das quais são forçadas a esconder a sua identidade ou a viver no estrangeiro para evitar a perseguição. Em 2021, a maioria dos 1300 pedidos de asilo de senegaleses em França invocava a perseguição por conta da orientação sexual, segundo dados oficiais. Muitos dos habitantes desta nação da África Ocidental, de maioria muçulmana, acreditam que ser homossexual é um estilo de vida ocidental que está a ser imposto à sua sociedade, com manifestações ocasionais anti-LGBTQ que apelam a uma legislação mais rigorosa.
Vários meios de comunicação social informaram que a família do falecido tinha tentado enterrá-lo na cidade sagrada de Touba, no Senegal, mas as alegações de que ele era homossexual tinham precedido o enterro e a autorização foi recusada. Os seus familiares tentaram então enterrá-lo perto da sua casa, mas a vizinhança opôs-se, até que acabaram por lhe abrir uma sepultura no cemitério de Kaolack.
Algumas entidades religiosas condenaram publicamente o acto. Exprimindo a sua "profunda indignação e condenação categórica do ato repreensível que foi cometido contra um indivíduo pelo qual não temos qualquer responsabilidade em termos da sua vida privada".
Apesar de todos os direitos que temos vindo a adquirir em Portugal, e com a crescente onda de políticas de direita por toda a Europa, devemos estar alerta, lutar e ser solidários com os países nos quais ser homossexual ainda constitui um crime. No final de 2023, temos ainda 69 países – metade deles na África - com leis que criminalizam a homossexualidade, muitos deles com a condenação à pena de morte. São estes países os seguintes:
Afeganistão
Arábia Saudita
Argélia
Antigua e Barbuda
Bangladesh
Barbados
Butão
Brunei
Burundi
Camarões
Catar
Chade
Singapura
Comores
República Dominicana
Egipto
Eritreia
Etiópia
Gâmbia
Gana
Granada
Guiné
Guiana
Iémen
Ilhas Cook
Ilhas Salomão
Irão
Jamaica
Kiribati
Kuwait
Líbano
Libéria
Líbia
Maláui
Malásia
Maldivas
Mauritânia
Ilhas Maurício
Marrocos
Mianmar
Namíbia
Nigéria
Território Palestino Ocupado (Faixa de Gaza)
Omã
Paquistão
Papua Nova Guiné
Quénia
São Cristóvão e Neves
Santa Lúcia
São Vicente e Granadinas
Samoa
Senegal
Serra Leoa
Síria
Somália
Sri Lanka
Suazilândia
Sudão
Sudão do Sul
Tanzânia
Togo
Tonga
Tunísia
Turcomenistão
Tuvalu
Uganda
Uzebequistão
Zâmbia
Zimbábue
Lutar pela igualdade e inclusão é lutar pelos direitos humanos, no entanto, tanta gente é ainda considerada criminosa ou impura devido à sua orientação sexual. Estejamos solidários e alerta.
Ricardo Falcato