Lesbian Bed Death: O que ninguém te conta sobre o desejo nos relacionamentos lésbicos
O termo Lesbian Bed Death (LBD) foi cunhado pela sexóloga Pepper Schwartz para descrever a diminuição da frequência sexual em relacionamentos lésbicos de longa duração. Apesar de ser um conceito amplamente discutido, será que corresponde à realidade ou trata-se apenas de mais um mito sobre relações entre mulheres?
Estudos sugerem que casais lésbicos, em média, relatam uma diminuição na frequência sexual ao longo do tempo quando comparados com casais heterossexuais e gays. Um estudo, publicado no Journal of Sex Research indicou que casais de mulheres reportam menor frequência sexual do que os outros grupos. No entanto, a frequência sexual não é o único indicador de satisfação numa relação. Outros factores, como a qualidade da intimidade, relação emocional e comunicação, são igualmente cruciais para uma vida sexual satisfatória.
Porque é que isto acontece?
Vários factores podem contribuir para a diminuição do desejo e da frequência sexual em casais lésbicos de longa data:
- Fusão emocional – Relações entre mulheres tendem a ter uma ligação emocional profunda, o que pode levar a uma sensação de familiaridade excessiva que afecta o desejo sexual.
- Rotina e previsibilidade – A ausência de novidade e a previsibilidade das interacções podem diminuir o entusiasmo e o interesse pelo sexo.
- Carga mental e stress – Muitas mulheres enfrentam um alto nível de responsabilidade emocional e mental dentro da relação, o que pode afectar a libido.
- Factores biológicos e hormonais – O desejo sexual pode flutuar devido a variações hormonais, idade, cansaço ou questões de saúde mental.
- Ausência de modelos de relacionamentos – A falta de representatividade de relações lésbicas nos mass media pode dificultar a compreensão de padrões saudáveis de desejo e intimidade.
O que é normal e o que não é?
É normal que a frequência sexual mude ao longo do tempo, pois as necessidades e circunstâncias do casal também evoluem. No entanto, se a ausência de sexo vem acompanhada de frustração, insatisfação, distanciamento emocional ou falta de comunicação sobre o assunto, pode ser um sinal de alerta. Se uma das parceiras deseja mais intimidade e a outra não, é importante abordar a questão de forma aberta e sem culpas.
Além disso, se o sexo se tornou uma obrigação ou fonte de ansiedade para uma das partes, pode indicar um problema subjacente que precisa de ser trabalhado. Factores como a baixa auto-estima, traumas passados, monotonia na relação ou até mesmo questões médicas podem estar a influenciar a dinâmica do casal. É essencial que ambas as parceiras se sintam confortáveis para expressar os seus desejos e inseguranças sem medo de julgamento.
Por outro lado, se ambas as parceiras estão satisfeitas com a frequência ou ausência de sexo e isso não afecta a sua relação, não há motivo para preocupação. A chave está na comunicação aberta e no alinhamento das expectativas do casal, garantindo que a relação se mantém saudável e gratificante para ambas as partes.
Como revitalizar a intimidade?
Se a falta de desejo ou frequência sexual está a causar preocupação, algumas estratégias podem ajudar:
∙ Comunicação aberta – Conversar sobre desejos, necessidades e inseguranças sem medo de julgamento.
∙ Explorar novas experiências – Sair da rotina através de fantasias, brinquedos sexuais, novos cenários ou jogos eróticos.
∙ Manter a individualidade – Ter interesses próprios e cultivar a auto-estima pode aumentar a atracção pelo parceiro.
∙ Investir no toque e na proximidade – Pequenos gestos como beijos, carícias e momentos de ternura podem reactivar o desejo.
∙ Relembrar o início da relação – Recordar momentos de paixão e reviver experiências pode trazer de volta a chama da intimidade.
O conceito de Lesbian Bed Death não deve ser visto como uma sentença inevitável para casais lésbicos, mas sim como um fenómeno que pode ou não ocorrer, dependendo da dinâmica da relação. Cada casal tem um ritmo e uma forma única de viver a sua intimidade. O mais importante é manter uma comunicação aberta, garantir que ambas as parceiras estão satisfeitas e encontrar estratégias para preservar o vínculo emocional e sexual ao longo do tempo.
Letícia David, Psicóloga