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Lili Elbe: a coragem e o risco de ser inteiramente quem realmente é

Lili Elbe 1926

Muitos de nós já assistimos ao filme “A Rapariga Dinamarquesa" (2015, Tom Hooper), mas como podemos conhecer a história de Lili Elbe de uma forma mais profunda e real?

Lili Elbe nasceu a 28 de Dezembro de 1882, em Vejle, na Dinamarca, tendo sido baptizada como Einar Wegener. Viveu na sua cidade natal até à juventude, altura em que se mudou para Copenhaga para estudar na Academia Real Dinamarquesa de Belas-Artes. Foi lá que conheceu Gerda Gottlieb, com quem se casaria mais tarde.

O casal oficializou a união em 1904 e seguiu dedicado às suas respectivas carreiras. Na época, Lili ainda se identificava como homem e usava o nome Einar. Ele pintava paisagens, enquanto Gerda se especializava em retratos de moda. A relação deles era marcada por confiança e companheirismo. Essa proximidade permitiu que Gerda pedisse, em algumas ocasiões, que Einar vestisse roupas femininas e posasse como modelo nos dias em que as suas modelos habituais não podiam comparecer ao atelier.

Mais tarde, o casal mudou-se para Paris, o que trouxe mudanças significativas para Einar. A cidade oferecia um ambiente mais permissivo e aberto, permitindo-lhe maior liberdade para explorar a sua identidade. Foi durante esse período que Einar começou a vestir-se frequentemente como mulher e adoptou o nome Lili Elbe para a sua expressão feminina.

Em 1930, Einar decidiu iniciar a sua transição de género. O casal, então, anulou o casamento, mas Gerda permaneceu ao lado de Lili, apoiando-a durante todo o processo das cirurgias de transição. A primeira cirurgia realizada foi a de redesignação sexual, seguida de procedimentos como a implantação de ovários e de um útero, com boas recuperações iniciais.

Infelizmente, em 1931, após a sua quinta cirurgia, Lili não resistiu às complicações e faleceu.

Como a primeira mulher trans a realizar uma cirurgia de redesignação sexual, Lili Elbe deixou um legado marcante. Apesar dos riscos para a sua saúde, a busca por sentir-se bem e reconhecer-se no seu próprio corpo foi inegociável, o que revela muita coragem, especialmente no contexto em que vivia.

 

Carolina do Nascimento Bueno, Mestre em História de Género

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Foto: See page for author, CC BY 4.0, via Wikimedia Commons