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Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa: Faltaram pulmões nas reivindicações

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Numa primeira participação de uma marcha que ocorre há vinte e cinco anos, toda e qualquer opinião pode ser redutora.

São vinte e cinco anos de trabalho organizativo árduo, de congregação de esforços, de tempo despendido para se pôr de pé, ano após ano, esta Marcha.

São vinte e cinco anos de luta contínua, luta essa que tem tido os seus resultados práticos com a aprovação de leis que protegem pessoas LGBTI+.

Portanto, primeiramente, uma palavra de gratidão para todas as pessoas que, desde há vinte e cinco anos a esta parte, nos trazem a esperança de um dia podermos, de facto, celebrar a igualdade plena na sociedade, no que aos direitos e liberdades diz respeito.

A Marcha tem como objectivo a reivindicação pública dos direitos da comunidade LGBTI+ (e, por inerência, de todas as minorias) e para que as nossas vozes e o nosso propósitos cheguem aos ouvidos e aos olhos de todos. E, corrijam-me se estiver errado, o objectivo primeiro será a nossa voz chegar aos nossos governantes, às nossas instituições, aos nossos organismos que têm a capacidade de melhorar a nossa vida quotidiana.

Estive no meio da Marcha, na linha da frente e na parte final da mesma. Para ter várias perspectivas. E o que vi foi uma certa fragilidade e falta de militância da maioria dos participantes. Todos queriam lá estar, mas nem todos, muito poucos diria, estavam mesmo predispostos à reivindicação a plenos pulmões. O que eu percepcionei, de certa forma, foi um grupo restrito de pessoas verdadeiramente a marchar e a lutar pelo que ainda falta conquistar e uma grande fatia dos participantes a desfilar, como num qualquer passeio num solarengo sábado à tarde.

Finalmente, faço notar que o que “chega” à comunicação social é quase nada de relevante da marcha e do trabalho das organizações nela presentes. Há aqui um trabalho colossal a fazer. Da própria comunicação social também, que parece degradar-se, dia após dia. Se não forem as páginas online das organizações, de voluntários, de pessoas dedicadas à nossa comunidade, nada chega ao “mundo cá fora”. E só nos chegam a nós, que consumimos informação LGBTI+. As notícias sobre a marcha nas televisões e páginas online de jornais foram todas padronizadas, vazias de conteúdo. É isto que fazemos querer chegar ao público em geral, às instituições, aos órgãos decisores deste país? Temos de fazer muito mais. E sobretudo, fazer-nos ouvir e que o trabalho das nossas instituições de apoio à comunidade chegue ao grande público. Para que nos percebam. Para que nos valorizem. Para que, também, nos celebrem!

 

Foto: Daniela Gomes 

Texto: Anamar Sampaio