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Maria e Mafalda: “Na nossa perspectiva foi um beijo normal”

Maria e Mafalda beijo EURO2016.jpg

Há exactamente uma semana os portugueses viviam emoções muito fortes. A equipa das Quinas acabava de se sagrar campeã da Europa. Milhares (milhões?) de pessoas festejaram nas ruas. Junto ao Marquês de Pombal, em Lisboa, sucediam-se os festejos e os directos para as televisões. Até que as câmaras da TVI captaram o beijo da noite. O “Grande Beijo” que milhares viram e de que todos falaram. Só no dezanove.pt foram quase 100 mil visualizações. Mas quem são as protagonistas daquele apaixonado beijo? Será que se beijam sempre assim? O que respondem aos comentários machistas e sexistas - que também proliferaram na internet na última semana?

 

O dezanove.pt foi falar com Maria e Mafalda para dar a conhecer as protagonistas do beijo que se tornou num símbolo de como celebrar uma vitória e o amor num país livre. Maria e Mafalda (19 e 20 anos, respectivamente) sabiam que estavam a ser filmadas, mas pensavam que se tratava de um canal independente ou secundário. Como todos os outros ali presentes estavam “claramente felizes e a festejar a vitória bem merecida”. A Maria é estudante e a Mafalda trabalhou durante o último ano em restauração, agora quer retomar os estudos em cinema e televisão.

 

dezanove: Como e quando se conheceram? Há alguma curiosidade que queiram partilhar sobre a vossa história de amor?

Maria e Mafalda: Não estamos num relacionamento, ainda nos estamos só a conhecer. Acho que a maioria das pessoas tirou uma conclusão errada da verdadeira história. Conhecemo-nos o ano passado no festival de Paredes de Coura, mas só nos começámos a dar há cerca de dois meses. Acho que o mais curioso que aconteceu até agora foi darmos um beijo no meio do Marquês e, de repente, quando eu (Mafalda) fui ao McDonalds com a Maria e apanhamos wifi  já tínhamos imensas notificações e mensagens de pessoas a mandarem-nos o vídeo e a comentarem.

 

Beijam-se sempre assim? Com esta intensidade e paixão? 

Ambas achamos que o beijo não foi nada demais. Na nossa perspectiva foi um beijo normal. Mas percebemos que, na perspectiva de milhares de pessoas, que se calhar nunca tinham visto um beijo genuíno entre duas raparigas, seja pouco usual.

 

Maria e Mafalda.jpg

Que reacções positivas e negativas receberam por aquele beijo ter passado em directo num canal nacional, e depois ter sido repercutido na imprensa e na internet?

Ambas tivemos reacções positivas. Há até pessoas mais entusiasmadas do que nós. Por exemplo, temos uma amiga que em todos os jantares mostra o vídeo aos convidados. Mas muitas pessoas também acham que todo este "hype" foi desnecessário pois, na verdade, são só duas raparigas a dar um beijo.

 

O vídeo do vosso beijo tornou-se viral esta semana. Leram alguns comentários que foram feitos? Como reagiram a isso? E a vossa família?

Vimos alguns comentários, uns que apoiaram, outros que gostaram e até demais, alguns mais sexuais e perturbadores e ainda outros homofóbicos. Houve de tudo, mas não houve nada que nos preocupasse muito. Somos bem resolvidas e não ligamos muito a isso. Entretanto, a Maria assumiu-se para os pais (palmas) e correu tudo bem. Quanto aos meus (Mafalda) já sabiam e viram o vídeo, mas não disseram nada demais, só para ter cuidado por estar muito exposta.

 

Contem-nos uma abordagem que tenham recebido devido ao vídeo do beijo.

Já tivemos várias pessoas a reconhecerem-nos na rua. Anteontem eu (Mafalda) estava sentada no cais e quando olhei para o lado estavam dois rapazes. Um deles disse para o outro "é a gaja do Euro" e veio ter comigo e falamos. Fizeram imensas perguntas e, entretanto, a Maria chegou e a reacção deles foi muito descontraída e engraçada.

 

Já sofreram de algum tipo de discriminação devido à vossa orientação sexual?

Ambas já ouvimos comentários desagradáveis separadamente, na maioria por rapazes ou pessoas mais velhas, mas, como disse, tanto a Maria como eu somos pessoas bem resolvidas e nunca nos deixamos afectar por isso.

 

Na vossa opinião o que faz falta a Portugal no que respeita à igualdade para pessoas LGBTI?

Embora ultimamente tenham ocorrido várias melhorias no sistema jurídico em relação ao casamento e à adopção por casais de pessoas do mesmo sexo, sentimos que ainda existem inúmeros tabus e preconceitos com a transexualidade. É muito difícil para as pessoas perceberem que a opinião delas não é válida no que toca ao que a outra pessoa sente em relação a si própria.

 

Entrevista de Paulo Monteiro