“No Pride In Genocide”: Organizações LGBTI+ e Comité de Solidariedade com a Palestina exigem respostas sobre Europride Lisboa 2025
Mais de 40 organizações e colectivos LGBTI+ de defesa do Povo palestiniano querem um compromisso inequívoco que o Europride de Lisboa não servirá para branquear violações de direitos humanos nem crimes contra a humanidade, quem os comete ou quem com eles compactua.
Um comunicado enviado às redacções aborda as "ligações do EuroPride 2025 e seus organizadores ao pinkwashing do apartheid israelita".
O afastamento de todas as associações promotoras iniciais com exceção da Variações, a nomeação de Diogo Vieira da Silva como “comissário municipal” para o evento ou a investigação criminal sobre o mesmo, revelada no programa “Prova dos factos” da RTP, são motivo de apreensão na comunidade e entre quem luta pelos direitos LGBTI+ em Portugal.
A nomeação de Diogo Vieira da Silva para comissário do evento não é considerada "inocente nem acidental" uma vez que o mesmo foi também chefe de imprensa da Embaixada de Israel em Lisboa. Segundo o comunicado "a acumulação de cargos na Variações e na embaixada israelita permitiram-lhe aproximar as duas entidades, sendo disso exemplo a realização da “Israeli Pride Party” no Finalmente Club em Lisboa, a 7 de Junho de 2023, organizada por ambas".
Na altura e à porta do evento, foi efectuado um protesto para denunciar o pinkwashing do estado israelita, protesto que a associação Variações criticou.
Na sequência desta acção houve um voto de solidariedade na Assembleia Municipal de Lisboa (18 de julho de 2023), proposto pelo grupo municipal do PSD de Carlos Moedas, e à apresentação de uma queixa-crime junto do Ministério Público pelo neonazi Mário Machado, acusando os manifestantes de homofobia e antissemitismo. O mesmo Mário Machado que, agora, organiza uma “Marcha do Orgulho Heterosexual” para Junho, em protesto contra o EuroPride.
O pinkwashing é, de resto, uma das prioridades da propaganda israelita, consideram os promotores deste comunicado dando como exemplo a tentativa de infiltração na Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa em 2022 e no injurioso artigo de opinião publicado no Público pelo embaixador israelita em Lisboa a propósito desse incidente.
O comunicado fala ainda sobre a duvidosa gestão dos fundos públicos destinados à promoção do EuroPride e do reencaminhamento para Diogo Moura, ligado ao CDS/PP e à ALPI (Associação Lusa Portugueses por Israel), acerca responsabilidade política da escolha de Vieira da Silva. Também o Presidente da Câmara de Lisboa não é poupado nas críticas: "Também ao participar na festa de despedida do embaixador israelita Dor Shapira (Julho 2024), Carlos Moedas manifestou o seu apoio pessoal e político à ocupação e ao genocídio."
O comunicado conclui: Todos estes atores têm um historial que não esquecemos. Não aceitaremos por isso que o EuroPride 2025 se transforme em mais uma plataforma de pinkwashing político e rejeitamos qualquer tentativa de branqueamento ou normalização com quem pratica violações de direitos humanos.
Repudiamos a cada vez mais evidente cooptação do EuroPride 2025 por parte de pessoas cuja agenda está longe de ter como prioridade a defesa dos direitos LGBTI+ ou dos direitos humanos, em particular quando estes dizem respeito ao povo palestiniano.
Perante todas estas polémicas, o silêncio de todos os envolvidos só tem contribuído para o descrédito do evento e das organizações envolvidas. Exigimos respostas.
À organização do EuroPride 2025, exigimos um compromisso inequívoco de que o evento não servirá para branquear violações de direitos humanos nem crimes contra a humanidade, quem os comete ou quem com eles compactua".
Os promotores desta iniciativa são o Comité de Solidariedade com a Palestina e as Panteras Rosa - Frente de Combate à LesBiGayTransfobia. O comunicado já reuniu mais de 40 subscritores, entre os quais a Opus Diversidade, Braga Fora do Armário, UMAR, Já Marchavas (Viseu), SOS Racismo, Gentopia ou a Marcha do Orgulho do Porto.
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