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O “histórico” primeiro beijo gay das novelas brasileiras (com vídeo)

Terminou no Brasil, esta sexta-feira, a telenovela “Amor à Vida”, exibida em horário nobre pela emissora Globo. No último episódio da novela foi transmitido o primeiro beijo protagonizado entre dois homens. A novela é da autoria de Walcyr Carrasco e em Portugal encontra-se a ser exibida na SIC.

O beijo entre as personagens Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) era muito desejado. Os telespectadores que ansiavam ver o momento no pequeno ecrã lançaram inclusive campanhas no twitter: #beijafelixniko e #BeijaFelix.

A personagem de Mateus Solano destacou-se desde o início da trama tornando-se num fenómeno nas redes sociais. A página no Facebook, intitulada Félix Bicha Má,conta com mais de 2,6 milhões de seguidores. Félix, que inicialmente surgiu como o vilão da saga, ganhou tanta notoriedade, que acabou por se tornar na personagem principal, tornando-se mais bondoso, no decorrer da novela. E claro está, todas as personagem principais precisam de uma história de amor.

Sobre o beijo, a Rede Globo afirma que "toda cena de novela é consequência da história, responde a uma necessidade dramatúrgica e reflete o momento da sociedade. O beijo entre Félix e Niko selou uma relação que foi construída com muito carinho pelos dois personagens. Foi, portanto, o desdobramento dramatúrgico natural dessa trama".

A cena teve tanto sucesso, que foi comentada por inúmeras figuras públicas do Brasil, como o apresentador de televisão Luciano Huck (“Caldeirão do Huck”), que escreveu na sua conta do twitter: "Pronto. Assunto beijo gay, resolvido. Vamos ao próximo."

 

Para Jean Wyllys, o deputado brasileiro principal impulsionador do Casamento Igualitário, "mais do que quebrar um tabu no horário nobre da televisão, o beijo entre Félix e Niko representou, acima de tudo, uma conquista para os activistas pelos direitos sexuais e liberdades individuais. No Facebook o deputado escreveu: "Vi o último capítulo aos prantos. A relação do Félix com o pai, Cesar (Antonio Fagundes) me comoveu e, claro, o beijo me emocionou bastante pelo cunho social e político. Fiquei satisfeito, feliz, histérico. Se faltasse o beijo, sobraria incoerência. Hoje é um dia histórico. Marcou a história da tv; da comunidade LGBT e do Brasil. Foi um passo adiante e positivo na representação […] da homoafetividade.  Tem um efeito pedagógico para as próximas gerações e obriga as actuais ao menos repensarem os seus preconceitos.” O deputado considera que a cena representa um acréscimo de auto-estima na vida dos gays e das lésbicas, porque valoriza uma forma de amar e estas relações familiares e coloca a Globo numa posição de prestígio por defender as liberdades individuais e enfrentar a homofobia.

 
O contexto legal

O advogado Alessandro Cyrino declarou ao dezanove.pt que “o país parou na noite de sexta para ver o final da novela Amor à Vida. A “torcida” pelo casal Niko e Félix foi enorme. O povo comemorou como se fosse futebol! A reacção do público calou a boca de pessoas como o pastor Marcos Feliciano”

O advogado reconhece que “ainda temos muitos problemas relacionados com crimes e bullying homofóbicos, cujo projecto de criminalização anda a passos de tartaruga, graças à bancada fundamentalista no Congresso. Os casais do mesmo sexo já podem casar, podem adoptar plenamente, podem ter pensão... tudo igual aos casais heterossexuais. A maioria dos direitos não foram conquistados por edição de leis, mais sim por decisões judiciais de observância obrigatória, com destaque para a que conheceu a “união homo-afectiva” como equivalente à “união estável” entre homem e mulher. Ao fazer isto, a consequência foi também permitir o casamento, que logo depois passou a ser obrigatório devido a uma resolução do Conselho Nacional de Justiça, e reconhecer a adopção, coisas que antes eram obtidas por decisões isoladas.”

Este beijo surge quase dez anos após a Globo ter suprimido uma cena similar na novela América, corria o ano de 2005.

 

Luís Miguel

Paulo Monteiro