Com curadoria de André Murraças (encenador, dramaturgo e investigador do património LGBT português), o projecto propõe uma releitura queer de obras presentes nas colecções dos museus portugueses onde, por norma, não se mostra a diversidade sexual, nem se refere as vidas que muitos artistas tiveram de levar escondidos, nem é partilhado um contexto certo que nos possa fazer entender determinada obra. Sobretudo não permitem ao espectador fazer uma releitura do que vê. Urge que os museus façam aproximações novas às suas colecções, através de outros itinerários expositivos que convidem os visitantes a contemplar outras relações sentimentais fora daquelas normativas.

Mas o que é isso do queer? A palavra "queer" (em inglês estranho, desviante) começou por ser um termo pejorativo para “homossexual”, mas, desde a década de 1990, tem sido escolhida por pessoas não heterossexuais para definir a sua identidade. É um conceito também acolhido pelo universo académico e, no contexto teórico aplicado às artes (e, portanto, aos museus) é um termo afeito à variedade de identidades, práticas sexuais e de género que se desviam das ideias heterossexuais, ou que demonstram a sua ambiguidade.

Para a Casa Fernando Pessoa, foi pensada uma exposição dentro da exposição da biblioteca particular de Pessoa, destacando livros que nos mostram estas outras vidas e sua relevância cultural/social. Chama-se O Museu Fora do Armário: livros queer na biblioteca de Fernando Pessoa.

Vai também ser lançada uma revista com textos de apoio, artigos e ilustrações em volta destes temas, chamada Marginália. 

A inauguração na Casa Fernando Pessoa acontece a 28 de Setembro, pelas 16h, onde será também feita a leitura encenada de Antinous, de Fernando Pessoa, e A confissão de Lúcio, de Mário de Sá-Carneiro.

Em Novembro, o projecto segue noutro formato para o Museu de Lisboa – Palácio Pimenta.

O projecto, que conta com o apoio da República Portuguesa/DGArtes e da CCDR LVT+Cultura, pode ainda ser acompanhado no Instagram oficial.