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O primeiro Pride de Beja foi diferente

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Diferente porque não houve marcha como nas restantes celebrações do Orgulho que se assinalam em Portugal. Houve sim: arte, diálogo e festa. 

No Sábado inaugurou-se uma exposição de arte queer, no Centro UNESCO; em parceria com o Projecto EntreMarias, decorreram conversas temáticas a várias vozes e no Parque Vista Alegre pôde ouvir-se um concerto dos Fado Bicha. A opinião de quem participou é unânime: o primeiro Beja Pride foi um sucesso apesar de ter tido apenas algumas dezenas de participantes.

O dezanove.pt falou com uma das participantes no evento que relata “no geral o 1° Beja Pride correu muito bem e sentiu-se que há muito que era necessário” e acrescenta “sem dúvida é um evento com muita possibilidade para crescer (em participação e programação) em anos futuros”.

Uma das actividades da tarde de Sábado foi a conversa “Da Margem ao Centro: os caminhos da inclusão” promovida do movimento feminista Entre Marias com presença de Rita Soares e Isabel Cogumbreiro, da rede ex aequo; de Manuela Ferreira, presidente da AMPLOS; Sónia Calvário, advogada e formadora para a igualdade e de Vera Pereira, formada em comunicação e a desenvolver estudos na área de género e que falou sobre famílias com parentalidade trans.

“Acho que se notou um grande esforço da organização para que tudo estivesse incrível e com as respectivas medidas de segurança. Fomos sempre muito bem-recebidas e acho que a maioria dos eventos até tinham lista de espera, de pessoas que já não conseguiram assegurar o lugar. A conversa esgotou, estava sala “cheia” e havia uma variedade muito grande de participantes, mas o que me espantou mais foi que havia muitos jovens (mesmo 14/15/16 anos), interessados também em participar e partilhar a sua experiência” explica Rita Soares.

 

Sendo Beja uma cidade pequena, onde todos se conhecem, uma marcha seria importante sim, mas não como primeiro evento, poderia ser demasiado expositivo e se calhar não teria tido tanta adesão, acrescenta a mesma participante no Beja Pride. 

A exposição “Os outros somos nós” pretendeu ser um contributo para um entendimento mais plural e diverso, de uma sociedade normativa como a nossa, com uma forte delimitação de papéis de género. “De que forma pode a visibilidade de outras formas de ser pessoa e de viver os afectos contribuir para desalinhar o olhar dual e reduzir a forma estereotipada como outras orientações sexuais e outros corpos são lidos?” foi a que tentaram responder com arte artistas como João Guerreiro, Eva Caseiro, Susana Henriqueta e Cristina Matos.

O final do evento ficou marcado por um concerto intimista dos Fado Bicha no Parque Vista Alegre.

 

"Fazer esta celebração em Beja era necessário, uma vez que esta lacuna se fazia sentir e a Arruaça dá o seu contributo neste sentido, com todas estas actividades", declarou à Rádio Voz da Planície Nádia Mida, vice-presidente da direcção da Associação Arruaça que co-organizou o Beja Pride.