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O que é feito dos nossos idosos LGBTI?

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É um facto inquestionável que todos envelhecemos. Paradoxalmente, esta sociedade, cada vez mais envelhecida, discrimina os idosos. Considerando ainda o pouco respeito pela diversidade sexual e afectiva, as pessoas idosas LGBTI estão no epicentro de várias formas de discriminação.

A imagem social das pessoas LGBTI quase nunca as relaciona com a velhice. Assim sendo, a mera existência de um idoso/a gay, lésbica ou transexual parece difícil de imaginar. A ideia errada de que os idosos são seres assexuados sugere que, à medida que envelhecem, as pessoas deixam de ser lésbicas, gays ou transexuais. 

A pergunta que todos nós devíamos colocar é a seguinte: O que é feito dos nossos idosos LGBTI?

Federico Armenteros, um educador social de Madrid, empenhou-se em abrir a primeira residência geriátrica pública LGTBI de Espanha e do Mundo ao descobrir que os idosos LGBTI estavam isolados e pensavam em suicídio. Como Armenteros declarou ao El Pais “qualquer idoso deve ser atendido sem ter a mínima dúvida de que não irá sofrer de discriminação, com base na sua orientação sexual e identidade de género”. Reforça ainda que as residências geriátricas não estão preparadas para a diversidade.

As necessidades dos idosos LGBTI são genericamente as de qualquer idoso. Contudo, há especificidades da vida familiar e afectiva, de saúde e da prestação de cuidados. 

A população LGBTI não tem a expectativa de vir a ser cuidada pelos seus parentes na velhice. Os laços mais estreitos e de família das pessoas idosas LGBTI são, na verdade, os amigos, amantes e pares. Trata-se da família “que se escolhe” e que deve ser devidamente respeitada e reconhecida.

Na saúde, a SIDA-VIH e em particular a saúde mental, muitas vezes consequência de uma vida de discriminação e rejeição pela sociedade, são de máxima relevância. Nas pessoas transexuais há a agravante dos tratamentos e intervenções a que tiveram que se sujeitar na juventude para mudar a aparência física.

Não descuremos a prestação de cuidados formais. É necessário que o sistema e os/as profissionais estejam cientes da importância destas especificidades para evitar situações de discriminação. O ato de cuidar deveria ser entendido como um bem público, proporcionado a todo e qualquer cidadão, porque vivemos num Estado Social. Todavia, o modelo em países como Portugal e Espanha continua a depender fundamentalmente da família, espera-se que sejam os familiares a cuidar dos seus idosos. Acontece que as pessoas idosas LGBTI, não raras vezes discriminadas pelas suas famílias biológicas, vão depender mais dos cuidados informais prestados por não familiares. No caso de Portugal, o recém-aprovado Estatuto do cuidador informal é omisso no que concerne os cuidadores não familiares.

No seio de uma sociedade discriminadora dos idosos, os direitos deste grupo encontram-se continuamente expostos quer a preconceitos, mitos e estereótipos, quer simplesmente ao desconhecimento. O Estado deve intervir para garantir activamente o direito à vida e à integridade física dos idosos e atender às especificidades dos idosos LGBTI. Iniciativas como a de Armenteros devem ser vistas como uma necessidade eminente e premente numa sociedade atenta aos seus cidadãos, ao longo de toda a sua vida.

 

Carlos da Silva

 

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