O que precisas de saber sobre os Óscares e a visibilidade LGBTI+
A 25 de Abril celebra-se a 93ª cerimónia dos Óscares, uma cerimónia que ficará marcada na história dos prémios da Academia tanto pelo adiamento obrigado pela Covid-19 como também pelo facto de, pela primeira vez, a maioria dos filmes nomeadas serem de plataformas de streaming como a Netflix, Amazon Prime, Disney+, entre outras.
É também a primeira vez que a cerimónia se irá deslocar do Dolby Theatre, em Hollywood, para passar a ser transmitida na Union Station, uma famosa estação de comboio, em Los Angeles. Porém, algumas das apresentações musicais serão ainda exibidas a partir do Dolby Theatre. Já os anfitriões serão actrizes e actores conhecidos do grande cinema. Em Portugal, a cerimónia será assegurada pela RTP1 que irá transmiti-la na madrugada de 25 de Abril.
São 23 categorias que irão a concurso no próximo domingo e os filmes nomeados são:
10 nomeações
- Mank
6 nomeações
- Judas and the Black Messiah
- Minari
- Nomadland
- Sound of Metal
- The Father
5 nomeações
- Promising Young Woman
- Ma Rainey's Black Bottom
4 nomeações
- News of the World
3 nomeações
- Soul
- One Night In Miami
2 nomeações
- Druk
- Borat Subsequent
- Hillbilly Elegy
- etc
1 nomeação
- Pieces of a Woman
- Da 5 Bloods
- The United States vs. Billie Holiday
- etc
Fica a saber todas as nomeações e as suas respectivas categorias em: https://www.oscars.org/oscars/ceremonies/2021
VISIBILIDADE LGBTI+ NA 93ª CERIMÓNIA DOS ÓSCARES E AO LONGO DOS ANOS
Dos 56 filmes nomeados desta edição dos Óscares apenas dois incluem personagens LGBTI+. Os filmes nomeados são: “The United States vs. Billie Holiday” com a personagem bissexual Billie Holiday, interpretada por Andra Day; e “Ma Rainey's Black Bottom” com a personagem, bissexual Ma Rainey interpretada por Viola Davis. Os filmes estão ambos nomeados para a categoria de “Melhor Actriz”.
A diferença é notória, mas não é algo recente. A verdade é que apesar de ao longo de quase 100 anos da cerimónia mais famosa de Hollywood a visibilidade da comunidade LGBTI+ ter começado a ser progressivamente maior, para a época em que vivemos a visibilidade é bastante inferior ao esperado.
A Academia já foi alvo de várias polémicas relativas à comunidade negra e a comunidade LGBTI+ é também das mais afectadas no que toca a nomeações. Isto pode-se demonstrar pelo simples facto de que só após onze anos da primeira edição em 1929 é que um filme nomeado incluiu uma personagem LGBTI+, com o filme “Rebecca” que abrangia uma personagem lésbica e só quarenta e seis anos depois da primeira edição é que uma personagem transgénero foi inserida na lista de nomeados, com o filme “Dog Day Afternoon”.
Durante o século XX as nomeações eram muito esporádicas e só praticamente de cinco em cinco anos é que era possível ver na lista de nomeados um filme com a temática LGBTI+. Com a chegada do século XXI começou a existir mais representatividade nos nomeados, sendo raro o ano em que não houvesse pelo menos uma nomeação. Mas serão estes bons números? A resposta é simples e rápida: Não. Principalmente se tivermos em conta que dos nomeados apenas membros LGBT são representados, deixando os restantes membros da comunidade LGBTI+ sem qualquer tipo de visibilidade.
Esta é uma questão que precisa de ser falada e verificada para que possamos ver cada vez mais e cada vez melhor a comunidade LGBTI+ ser representada nos grandes prémios de Hollywood.
Margarida Candeias