Organizador de "viagens LGBT" encontrado morto na prisão na Rússia
Um cidadão russo foi detido por ter organizado viagens para pessoas LGBT. Foi encontrado já morto quando se encontrava em prisão preventiva, indicou um grupo de defesa dos direitos humanos e media estatais russos.
Andrei Kotov, de 40 anos, era director da agência de viagens Men Travel, e foi acusado o mês passado de “actividades extremistas”. Lembramos que no final de 2023 o Supremo Tribunal da Rússia passou a proibir o que chamou de “movimento internacional LGBT”, fazendo com que pudessem ser acusados e incriminados grupos ou pessoas defensoras dos direitos humanos das pessoas LGBT.
Os investigadores russos disseram que Kotov se terá suicidado dia 29 de Dezembro ao amanhecer, segundo afirma a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos OVD-Info, citando o advogado de Kotov.
Vários media russos afirmaram (agência de notícias estatal russa RIA Novosti) que Kotov se terá suicidado na prisão, mas a ONG anteriormente referida disse que Kotov foi espancado aquando da sua detenção.
A Rússia é um dos países mais perigosos para pessoas LGBT no mundo, e tem vindo a piorar a sua legislação contra esta minoria, no que considera ser uma luta contra o Ocidente, cujos valores e modos de vida são classificados como “decadentes” pelo Presidente Vladimir Putin. Outros países, a maioria anti ocidentais e aliados da Rússia têm vindo recentemente a reprimir a população LGBTI+, como o Gana, Uganda, Mali, Burquina Faso, Níger – em África; e o Afeganistão, China, Geórgia, Iraque e Turquia – na Ásia.
Há vários países no mundo que, apesar de frequentemente apresentados como paraísos e como destinos bem apetecíveis, têm legislações pesadas contra actos homossexuais e relações entre pessoas do mesmo sexo. Entre eles estão por exemplo Marrocos, Tunísia, Egipto, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Maldivas, Malásia e Indonésia (parcialmente) – todos eles países de maioria islâmica. Nas Américas também temos casos como a Jamaica ou Baamas, por exemplo.
Na maioria desses países as pessoas LGBT podem ser presas por relações com o mesmo sexo. Na Turquia não há leis contra as pessoas LGBT, mas o governo tem vindo nos últimos dez anos a proibir marchas do orgulho e a deter pessoas que tentem participar ou mesmo que “aparentem” ser gays, como aconteceu com um turista português em 2023. Na Indonésia, com a grande excepção de Bali – uma ilha hindu – a população (de maioria islâmica) sofre com rusgas a locais ou bares “gays”, e na província de Aceh, onde se aplica a sharia, pessoas LGBT podem mesmo ser chicoteadas como punição. No Egipto a polícia já usou aplicações móveis de encontros sexuais utilizadas pelas pessoas LGBT para as “apanhar” e detê-las.
Relações sexuais ou românticas entre pessoas do mesmo sexo ainda são crime em mais de 50 países – a maioria islâmicos – com punições que vão desde multas a pena de prisão, ou mesmo pena de morte.
Fonte: MadreMedia / Lusa via sapo.pt