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Os Excesso estão de volta (e as memórias de bullying também)

Miguel Martins bullying

 
Não é segredo que fui vítima de bullying durante muitos anos. Já falei sobre isso noutro artigo.
 
O que não mencionei ainda foi o período em que os ataques de bullying se intensificaram, anos esses que coincidiram com a existência dos Excesso.
 
Desde que me consigo lembrar, nunca nada me deu tanto prazer como cantar. O meu maior sonho foi sempre ser cantor profissional. Infelizmente, os meus sonhos caíram por terra quando, depois de vários castings para diferentes programas de televisão, percebi que a minha voz jamais mo permitiria. Tive de fazer opções e estudar algo em que era bom e que me assegurou um futuro, mas nunca deixei de cantar para mim. Não podendo seguir o meu sonho de infância, sempre admirei quem o conseguisse fazer. Em 1997, altura em que eu tinha 14 anos, apareceram os Excesso. Um grupo de cinco rapazes tomava o panorama musical português de assalto: um álbum de estreia muito bem-sucedido, concertos constantes pelo país inteiro, presenças habituais em programas de televisão, o lançamento de um perfume... Estes cinco rapazes estavam a viver um sonho que também era meu e, por isso, acabei por viver esse sonho com eles. Em casa, tinha o CD deles sempre a tocar, para terror dos meus pais, que já não suportavam ouvi-los. E, quando deram um concerto na minha cidade, Penafiel, não pude deixar de estar presente. Ao concerto de Penafiel, seguiram-se muitos outros. Num dos concertos, fiz 2 amigas (Olá, Lia! Olá, Vera!) e juntos andávamos de terra em terra a assistir aos concertos dos Excesso por todo o norte de Portugal.
 
A minha admiração pelos Excesso não passou despercebida na escola. Devido à minha evidente preferência sexual, já era vítima de bullying há muitos anos, mas, nessa altura, os ataques intensificaram-se. As pessoas não percebiam a minha admiração pelo que estes cinco rapazes estavam a fazer. Na cabeça deles, só um “paneleiro” (como me chamavam diariamente) podia gostar dos Excesso. Lembro-me dos risos constantes quando eu passava, das piadinhas, dos ataques verbais que dificilmente poderiam ter sido mais ofensivos e humilhantes. Lembro-me de ter ido a mais um concerto dos Excesso e de, passados uns dias, ser confrontado com boatos de que eu tinha fugido de casa para estar com eles. A escola inteira falava sobre isso. Nesta altura, já eu tinha deixado de me importar com o que os outros pensavam e fazia o que bem me apetecia. Mesmo assim, era muito difícil ser vítima de assédio verbal todos os dias e a toda a hora. Como nunca deixei que isso me fizesse perder o interesse pela banda, o bullying por causa da minha admiração pelos Excesso, que nunca fiz questão de esconder, durou tantos anos quantos os anos que duraram os Excesso. Foram anos difíceis. Porém, depois de cada concerto, ou depois de cada conversa com eles, sentia-me como se tivesse recebido um boost de energia!
20 anos passaram. Ontem não conseguia dormir, por isso peguei no telemóvel. E foi então que, de forma completamente inesperada, vi uma notícia sobre um novo concerto dos Excesso que terá lugar no próximo ano! Vieram-me à memória todos esses anos de bullying, mas também as memórias da satisfação após cada concerto. Sem pensar duas vezes, comprei o meu bilhete. Excesso até ao fim!
 
Miguel Martins
 

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