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Pasolini, o mistério desfeito por Abel Ferrara

filme pasolini - abel ferrara.jpg

“Escandalizar é um direito. Ficar escandalizado é um prazer.” Pier Paolo Pasolini

Dizem que há mistérios que devem permanecer num mistério, até há quem defenda que não se devem vasculhar. Defendo que os mistérios são para ser contados, mas que podem muito bem permanecer envoltos em mistério.

Roma, Novembro de 1975. Pier Paolo Pasolini (Willem Dafoe), cineasta, poeta e escritor conhecido internacionalmente, é um símbolo de luta contra o que está socialmente estabelecido. Os seus escritos originam escândalo e os seus filmes são perseguidos ou mal entendidos. Pasolini é, simultaneamente, objecto de admiração, estranheza e repúdio. No último dia da sua vida, o cineasta encontra a mãe e, mais tarde, os amigos mais próximos. À noite, decide sair. Na madrugada seguinte, é encontrado brutalmente assassinado numa praia em Ostia, nos arredores da cidade, alegadamente por um jovem prostituto de 17 anos.

Pasolini era um homem irresistível. Quem viu, ou vê os seus filmes apercebe-se disso e o fascínio passa a nojo em segundos e nada lhes é indiferente. De "Accattone" (1961) a "Salò ou Os 120 Dias de Sodoma" (1975) o realizador italiano dá-nos a conhecer o que de pior (e melhor?) tem o ser humano e as cenas de humilhação humana são profícuas. Que tipo de realismo é este? Que tipo de realização é esta? Os seus filmes criaram o mito e Pasolini soube alimentá-lo com mestria. Não é aqui que Abel Ferrara quer chegar. Ferrara, realizador americano, que não se importava nada de ser europeu, conta-nos o último dia, como se Pasolini já soubesse o que o esperava. Ferrara desfaz o mistério e tal como Pasolini consegue escandalizar-nos.

O filme passou pelo último Lisbon & Estoril Film Festival e estreou no passado dia 1 de Janeiro, quinta-feira.

 

 Luís Veríssimo