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Pessoas homossexuais cada vez mais em perigo no Senegal

 Senegal gays

Milhares de pessoas manifestaram-se no passado domingo, 20 de Fevereiro, em Dakar para exigir um reforço da repressão da homossexualidade no Senegal, após a recente rejeição pelo Parlamento de um projecto de lei que endurecia as medidas já existentes e que violam os direitos dos homossexuais.

Os protestantes, que caminharam pelas ruas da capital do Senegal, foram liderados pelo colectivo And Sam Djiko Yi (Juntos Protegemos os Nossos Valores). O grupo ultra-conservador reuniu membros de mais de 125 associações do país segundo relata a RFI (Rádio França Internacional).

As pessoas reuniram-se num espaço público manifestando-se contra a rejeição do projecto de lei que visava aumentar a pena de prisão até 10 anos e as multas até um valor equivalente a oito mil euros para pessoas LGBT, mais concretamente, as homossexuais. Os manifestantes seguravam vários cartazes com discursos de ódio contra homossexuais, proferiram frases como "O Senegal nunca aceitará a homossexualidade", "O Senegal diz não à homossexualidade" e "Exigimos um fim à agenda LGBT" e queimaram uma bandeira LGBT. Os onze deputados, autores do projecto de lei que foi rejeitado pelo Parlamento africano, fazem parte do And Sam Djiko Yi. 

Importa referir que, de facto, o Senegal é um país que proíbe conforme consta na sua legislação quaisquer "actos indecentes ou não naturais entre indivíduos do mesmo sexo". Pessoas que sejam acusadas destes "delitos criminosos" podem ser punidos com até cinco anos de prisão e uma multa entre 100.000 a 1.500.000 CFA, o equivalente a 150 a 2300 euros.

Os grupos ultra-conservadores, que encabeçaram os protestos, pretendiam sanções mais duras para homossexuais e afirmam que a homossexualidade, que lhes está a ser imposta pelo Ocidente, ameaça os seus valores tradicionais.

"Queremos simplesmente que o governo criminalize a homossexualidade tal como criminalizou a violação, tal como criminalizou o roubo de gado", disse Ngoné Dia, um estudante universitário.

Outro estudante afirmou que “a homossexualidade ainda não foi completamente criminalizada aqui. Isso é um grande problema porque a nossa cultura não aceita homossexuais, nem as nossas religiões. A homossexualidade não pode ser tolerada no Senegal.” Houve mesmo quem afirmasse que “o Senegal é um país homofóbico e temos orgulho de dizer isso.”

Em Maio de 2021, o colectivo And Sam Djiko Yi realizou uma manifestação semelhante à manifestação que aconteceu em Fevereiro deste ano, que também atraiu milhares de manifestantes. Nas semanas que se seguiram, activistas LBGT relataram um aumento das agressões.

Além da perseguição física, pessoas homossexuais, no Senegal, também enfrentam dificuldades em encontrar emprego, afirma Souleyman Diouf, o presidente e fundador do grupo de direitos LGBTQ Free Senegal. Diouf identifica-se como bissexual e usa um nome falso para proteger a sua identidade. Diz ter sobrevivido a duas tentativas de assassinato, que o levaram a procurar refúgio em França. Ainda assim, continua a receber mensagens de pessoas que ameaçam a sua filha menor que ainda se encontra no Senegal. Souleyman Diouf afirma que se o país africano continuar por este caminho, as minorias sexuais poderão enfrentar um genocídio.

Segundo o grupo de comunicação “Poder360”, em 2021, as entidades LGBTQI+ estimavam que 69 países no mundo possuem leis que criminalizam a homossexualidade, sendo que quase metade encontram-se em África.

 

Sara Lemos