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Pinkwashing festivo: as armadilhas do consumismo no Natal LGBTQIA+

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O Natal é uma época de celebração e união, mas também de consumo  desenfreado. Para a comunidade LGBTQIA+, o período natalício tem-se tornado alvo de uma prática que, à primeira vista, pode parecer inclusão, mas que, na realidade, muitas vezes não passa de oportunismo: o “pinkwashing”. Este  fenómeno refere-se ao uso de símbolos e discursos LGBTQIA+ por marcas que, na prática, não têm qualquer compromisso com a comunidade. 

Enquanto psicóloga e aliada da comunidade LGBTQIA+, considero essencial  abordar o impacto emocional e social do pinkwashing, bem como oferecer ferramentas para um consumo mais consciente durante esta época. 

 

O que é o pinkwashing e por que importa no Natal? 

O “pinkwashing” ocorre quando empresas utilizam elementos associados à  comunidade LGBTQIA+, como o arco-íris ou mensagens de diversidade, de forma superficial, com o objectivo de atrair consumidores, mas sem implementar mudanças significativas nas suas práticas ou apoiar verdadeiramente a comunidade. Durante o Natal, esta prática intensifica-se com campanhas de marketing que apelam à inclusão, mas frequentemente ignoram as necessidades reais da comunidade LGBTQIA+. 

O problema do pinkwashing não é apenas ético, mas também psicológico. Ele cria uma falsa sensação de apoio, o que pode ser frustrante e alienante para pessoas  LGBTQIA+ que procuram representação e solidariedade genuínas. É como abrir  um presente e descobrir que está vazio. 

O problema do pinkwashing não é apenas ético, mas também psicológico.

 

Campanhas positivas e negativas: quem está a fazer a diferença? 

Nem todas as marcas que utilizam símbolos LGBTQIA+ no Natal caem na  armadilha do pinkwashing. Algumas realmente investem na comunidade e promovem mudanças positivas. Aqui estão alguns exemplos: 

Campanhas positivas: 

  • The Body Shop: Conhecida pelas suas campanhas de solidariedade, a marca apoia organizações LGBTQIA+ ao longo do ano, incluindo durante o Natal, e garante que parte das receitas seja revertida para causas que  promovem inclusão.
  • IKEA: A marca sueca tem historicamente apoiado a comunidade LGBTQIA+  com políticas internas inclusivas e campanhas que destacam histórias reais de famílias diversas. 

Campanhas negativas: 

  • Algumas empresas lançam produtos “com as cores do arco-íris” ou mensagens genéricas de diversidade apenas durante épocas comerciais, sem qualquer ligação a acções concretas. Estas iniciativas tornam-se  meramente decorativas, não contribuindo para a promoção de direitos ou para o bem-estar da comunidade. 

 

Reflexão: como consumir de forma ética durante o Natal? 

Consumir de forma ética não significa abdicar do espírito natalício, mas sim fazer  escolhas conscientes que respeitem os valores e necessidades da comunidade  LGBTQIA+. Aqui estão algumas sugestões: 

  1. Investigar antes de comprar 

o Procura saber se a marca tem um histórico consistente de apoio à  comunidade LGBTQIA+. A presença de políticas inclusivas, doações a organizações ou colaborações com criadores LGBTQIA+ são bons indicadores. 

  1. Priorizar negócios LGBTQIA+ 

o Apoiar directamente empresas lideradas por pessoas LGBTQIA+ é  uma forma eficaz de devolver valor à comunidade. Durante o Natal,  considera adquirir presentes de pequenos negócios ou artistas independentes. 

  1. Avaliar o impacto real 

o Antes de comprar um produto com mensagens LGBTQIA+,  questiona: “Esta compra contribui para mudanças reais ou apenas  reforça o consumismo?” 

 

O espírito do Natal e a importância de um consumo consciente 

O Natal deveria ser uma época de solidariedade e união, não uma oportunidade  para o oportunismo comercial. Para a comunidade LGBTQIA+, é essencial que as campanhas que apelam à inclusão sejam genuínas e que tragam benefícios reais.  Enquanto consumidores, temos o poder de apoiar marcas e iniciativas que respeitam e promovem os valores da diversidade, ao mesmo tempo que rejeitamos práticas superficiais como o pinkwashing.

Como psicóloga, acredito que este é também um momento para reforçar a importância da autenticidade e da empatia, tanto nas relações pessoais quanto  nas escolhas que fazemos como consumidores. O verdadeiro espírito natalício está na conexão, e não no consumo vazio. Afinal, um presente com significado vale muito mais do que qualquer campanha decorada com arco-íris. 

 

Este é também um momento para reforçar a importância da autenticidade e da empatia, tanto nas relações pessoais quanto  nas escolhas que fazemos como consumidores. O verdadeiro espírito natalício está na conexão, e não no consumo vazio.

 

Letícia David, Psicóloga