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Por que há tão poucas pessoas identificadas como seropositivas no Grindr em Portugal?

 

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A provocação foi deixada por Cecil Baldwin na sua passagem por Lisboa. De visita a Portugal a convite da Embaixada dos Estados Unidos, o actor norte-americano participou ainda num debate no Porto e em Espinho, integrado no festival de cinema FEST.

 

“Usei aqui o Scruff e Grindr. No meu perfil indiquei que queria homens que estivessem online e que aceitassem gays seropositivos. Só apareceram seis pessoas. Há 10 anos Nova Iorque era assim. Mas estes 10 anos deram-nos a PrEP e o vírus indetectável, que deviam estar a ajudar a mudar mentalidades. Claro que estas seis pessoas não correspondem ao número oficial de pessoas com HIV. Permite é perceber como funciona a comunidade”, contou Cecil Baldwin num encontro promovido pela associação Tudo Vai Melhorar, que tinha como mote “Sair do Armário com HIV+”.

“Será que faltam pessoas disponíveis para dizer que são HIV positivas? Como se pode mudar isso na comunidade?”, questionou. Cecil Baldwin relatou como a sua experiência como actor permitiu dar visibilidade à questão, mesmo numa cidade com a dimensão de Nova Iorque. “Integrei um grupo que permitiu falar sobre a minha vida num palco. Em vez de estar à espera de um texto de um dramaturgo para falar sobre um gay ou um judeu, pude falar sobre a minha experiência. Descobri que era HIV positivo e comecei a escrever sobre a minha experiência como tal”.

Nas peças interage com o público e confronta-o com o desconhecimento em relação à infecção. “A visibilidade é uma forma de activismo. Sou muito mandrião em relação a ser activista. Nunca pedi a ninguém para assinar uma petição ou participar numa manifestação. Prefiro usar o palco”, confessa, para depois descrever os dois tipos de activista que acredita existirem: os elefantes e as térmitas. “O elefante é o que quer esmagar o sistema. Eu sou uma térmita. Quero fazer um buraco no sistema. A arte é um sistema”.

Cecil Baldwin é ainda colaborador do podcast “Welcome to Night Vale”, que chegou a ser o mais descarregado do mundo. Foi graças a esse sucesso que, num mês, conseguiu passar dos dois mil para os 65 mil seguidores no Twitter. “À medida que o podcast continua, percebo que tenho essa responsabilidade. Percebi que a geração mais nova, seja LGBT ou hetero, pensa que o HIV desapareceu porque as pessoas já não morrem todos os dias. Tendo eu HIV queria que eles soubessem que o problema não acabou. Apenas mudou. Na década de 80 e 90 os grupos radicais fizeram muitas coisas para chamar atenção - era uma guerra diferente. Não estou a morrer de HIV, estou a viver com HIV. É essa a diferença. Mesmo com tanto acesso à tecnologia e informação, há muita gente que não percebe o vírus ou espalham notícias falsas sobre o assunto”, alerta. “Mesmo agora houve uma pessoa em Brooklin, que me disse que nunca tinha estado com uma pessoa com VIH. Expliquei-lhe que isso era praticamente impossível.”

 

Rui Oliveira Marques

 

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