Por que vai o Centro Gis levar o tema da transexualidade ao Eros Porto
Combater o estigma e a discriminação, assim como sensibilizar e promover um melhor entendimento sobre as questões que afectam a população trans em Portugal é o objectivo do Eros Porto ao eleger a transexualidade como tema central. Além disso, o Centro Gis será o convidado de honra da sua 11ª edição, que se realiza entre 8 e 11 de Março, na Exponor.
O direito à auto-identificação e à autodeterminação no que concerne à identidade de género ainda encontra enormes barreiras na sociedade e, quase sempre, os problemas começam no seio familiar. Tal como explica Paula Allen (na foto), coordenadora do Centro Gis e psicóloga, “as pessoas trans vivem frequentemente situações de enorme agressividade e negligência por parte das famílias, que as obrigam, enquanto crianças e adolescentes, a viver como se fossem cissexuais ou seja, não-transexuais”. Também nas escolas, nos serviços públicos e em outros locais estas pessoas experienciam situações de discriminação e de bullying, o que leva muitas vezes a “quadros de depressão, ansiedade e fobia social”, refere.
A mesma responsável alerta para a necessidade de alterar a Lei de Identidade de Género, que se tem arrastado na Assembleia da República. “Com a alteração a esta lei, que se pretende que aconteça ainda este ano, as pessoas trans poderão deixar de necessitar do relatório médico e a partir dos 16 anos iniciar o processo medicamentoso por sua única vontade”, explica Paula Allen, acrescentando ser ainda importante “uma resposta mais célere do Serviço Nacional de Saúde e a existência de mais estruturas de apoio”.
Para promover o debate sobre estas questões, o espaço de conferências do Eros Porto recebe, na sexta-feira, dia 9 de Março, às 22h, a palestra “A Transexualidade em Portugal”, com a participação de Paula Allen, coordenadora do Centro Gis e psicóloga, e de Zélia Figueiredo, psiquiatra e terapeuta sexual pela Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica (SPSC) e Terapeuta Familiar pela Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar (SPTF). Na Exponor, para além da distribuição de material contracetivo e informativo, o Centro Gis vai ter um espaço dedicado às questões LGBTI, para prestar informações e apoio.
O Centro Gis é um de vários projectos da Associação Plano i que, desde 2015, intervém nas áreas da igualdade e violência de género e da diversidade social. Só em 2017, o Centro Gis efectuou mais de mil atendimentos, contando com 155 utentes, dos quais mais de metade são pessoas trans.