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Prémios dezanove: Os melhores e os piores de 2024

prémios dezanove 2024

A 15ª edição dos Prémios dezanove volta a distinguir o que marcou o ano de 2024. Um conjunto de categorias que assinala pela positiva o que aconteceu de revelante na actualidade no último ano. No entanto, também denunciamos algumas situações graves e desilusões que afectaram o país e o mundo. Aqui ficam registadas as nossas escolhas: 

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Acontecimento Nacional do Ano

50 anos do 25 de Abril
Celebrar 50 anos vitória da Liberdade sobre a Ditadura e o Fascismo foi algo único vivido em muitas cidades do nosso país e com cerimónias que nos marcaram. Abril foi também o início da Liberdade das pessoas LGBTIQA+ que paulatinamente desde então foram conquistando os seus direitos, como demos a conhecer neste ESPECIAL 50 ANOS DE LIBERDADE. No entanto, o brilho da efeméride não nos deve fazer esquecer dos actuais perigos que assolam o país e põem em causa o regime democrático. 
 
 
 

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Acontecimento Internacional do Ano

Eleição de Donald Trump

Provavelmente pensámos que não voltaríamos a assistir a um segundo mandato de Donald Trump como presidente dos EUA, sobretudo após a trágica gestão da pandemia de Covid-19 e do assalto ao Capitólio no início de 2021, que muitos classificaram como um golpe de Estado. Mas eis a dramática sequela: o trumpismo reforçou-se, solidificou-se como corrente maioritária no Partido Republicano e elegeu a reversão dos direitos LGBTQIA+ como cavalo de batalha para os próximos quatro anos. As maiorias republicanas na Câmara dos Representantes e no Senado dão ao novo presidente um poder reforçado para avançar com estas políticas. Trump defende o isolacionismo norte-americano no plano internacional, apoia incondicionalmente Israel no conflito do Médio Oriente e tentará forçar um compromisso com Putin para acabar com a guerra na Ucrânia. Não serão anos fáceis nem para os EUA nem para a Europa. 

 

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Personalidade do Ano
Jacques Costa
Foi a primeira vez que uma pessoa não binária teve ampla projecção nacional através da televisão portuguesa. Programas como o Big Brother constituem a oportunidade de chegar a uma audiência vasta que pode ser devidamente educada. Jacques Costa elucidou e combateu muitos preconceitos, dentro e fora da “casa”.  Acima de tudo representou-se a ela própria. Depois teve o mérito de trazer o tema e a terminologia para as conversas do quotidiano. Ao longo do ano marcou presença em eventos de apoio e defesa das pessoas LGBTIQA+.  
 
 

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Político do Ano
João Costa
De forma cívica e atenta, o ex-Ministro da Educação não deixou passar a campanha de ódio crescente que parece teimar em abater-se no país. Ao livro apresentado por Pedro Passos Coelho, João Costa contra-respondeu com o "Manifesto pelas Identidades e Famílias: Portugal Plural" - um livro que combate a ignorância, o preconceito e a violência. João Costa afirma a liberdade e a diversidade não só neste livro, mas nos seus espaços de opinião, presenças e redes sociais.   
 
 

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Activista do Ano

Sr. António a abraçar a bandeira LGBTQIA+ na Marcha do Porto

Foi um encontro espontâneo, mágico e enternecedor. António Fernandes, octogenário residente no centro do Porto, veio à porta ver passar a marcha do Orgulho da sua cidade. Viu as bandeiras que os participantes levavam e lembrou-se de ir buscar a que tinha em casa, numa demonstração de apoio. A bandeira nacional, tantas vezes usada pela extrema-direita como símbolo de ódio contra as minorias, foi a que o Sr. António ofereceu uma activista que integrava a marcha. Ela retribuiu-lhe com a bandeira do arco-íris, as cores do Orgulho. Ele, comovido, apertou a bandeira no seu peito e essa imagem ficou registada nas objectivas da comunicação social. O apelo do Sr. António contra a solidão e o abandono em que vive é reconhecível nos anseios da comunidade LGBTQIA+. No ano do 25 de Abril, o Orgulho foi mais interseccional.  

 
 

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Iniciativa do Ano

Atribuição do nome Gisberta Salce Júnior a uma rua do Porto

Foi um longo percurso, mas em 2024 o Porto inscreveu o nome de Gisberta e a memória do seu assassínio transfóbico no espaço público da cidade. A ideia começou a ganhar forma em 2020 e, depois de uma petição pública, foi levada a reunião de câmara no ano seguinte. A presidente da Comissão de Toponímia recusou a proposta, declarando que «a pessoa em si nada fez em prol» do Porto. Porém, numa votação posterior, a recomendação acabou por ser aprovada. Ficava-se a aguardar que um novo arruamento fosse construído para se atribuir o nome. Este ano, a menos de 500 metros do local onde a mulher trans foi brutalmente assassinada em 2006, foi finalmente inaugurada a Rua Gisberta Salce Júnior

 
 

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Associação do Ano
AMPLOS
Se diariamente a AMPLOS já se encontra de Parabéns por apoiar e sensibilizar Pais e Mães, mais ainda os merece por completar 15 anos de actividade, com tanta obra feita e marcas boas. Educar as famílias para a diversidade, fazer destas um lugar de mais entendimento, mais seguro e mais de amor incondicional e agora com um Manual que muito ajudará quem procura auxílio. Que missão louvável! 
 
 

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Campanha do Ano
"VIH não é transmissível por pessoas em tratamento" de GAT e SER+
Fazem falta histórias reais de pessoas que vivam com VIH e que nos mostrem que pessoas que vivem com VIH não transmitem o vírus quando estão em tratamento, por terem carga viral indetectável. A campanha do GAT e SER+, difundida em todo o país, prima por trazer cinco histórias que ajudam a quebrar  estigma. Indetectável = Intransmissível. É isso que devemos saber e atingir. 
 

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Revelação do Ano
Coletivo Joe - Marcha do Orgulho LGBTQIA+ Albicastrense 
 
 

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Página do Ano
EsQrever
Desde 2015 o blogue cresceu em conteúdos, linhas temática e participantes, sendo hoje um dos mais lidos sobre assuntos queer em Portugal. Conta ainda com o podcast “Dar Voz A esQrever”, dinamizado por Pedro Carreira e Nuno Miguel Gonçalves. O dezanove.pt parabeniza o projecto desejando que, pelo menos, outros dez anos se cumpram
 
 

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Casal do Ano
Noé Quintela e Martim Pedroso
Tudo teria sido apenas mais um ataque de ódio de Martim Pedroso e Noé Quintela tivessem cedido ao medo e ao insulto. Mas não foi assim. O casal recém chegado a uma aldeia de Torres Vedras resolveu apresentar queixa na GNR pelos crimes de difamação, violência verbal e física, ameaça de morte e ódio. Após isso, o casal expôs o caso nas redes sociais recebendo uma avalanche de apoio público. Espera-se que tenha o efeito pedagógico que é suposto ter.  
 
 

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Marca do Ano
IKEA - pela campanha  “Dar abrigo ao orgulho” que beneficiou pessoas sem abrigo LGBTIQA+
 

 
 

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Peça de Teatro do Ano
"Damas da Noite, uma farsa de Elmano Sancho"
Depois de uma vasta digressão, a peça protagonizada por Elmano Sancho, DJ Filha da Mãe e Lexa Black voltou para lançar a pedrada no charco um pouco por todo o país. A reviravolta de expectativas sobre o género são o mote de uma peça que não distingue o tamanho das salas de espectáculos em todo o país. E que falta fazia este regresso!   
 
 

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Filme do Ano
“Estamos no ar” de Diogo Costa Amarante

Na sua longa-metragem de estreia, Diogo Costa Amarante filma a busca de paixão e afecto de três personagens de diferentes gerações da mesma família, em tentativas inevitavelmente marcadas pela frustração e pela solidão. Da avó Júlia (Valerie Braddell), que não se consegue livrar do espírito do marido já falecido, que tomou o corpo de uma sua companheira do lar; da mãe Fátima (Sandra Faleiro), mulher divorciada que tenta reactivar a sua vida afectiva, seduzindo o vizinho da frente; e do filho Vítor (Carloto Cotta), que se apaixona por um rapaz jovem e belo, mas que lhe escapa entre os dedos e que ele busca incessantemente à noite. O filme foi rodado no Porto e estreou a 7 de Novembro.

 
 

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Média do Ano
Dona da Casa de Catarina Marques Rodrigues
 Já conhecíamos e admiravamos o trabalho de Catarina Marques Rodrigues. Por onde passa intervém com a sua visão correcta sobre os temas que aborda. Em "Dona da Casa" não é diferente. Cada programa um ensinamento, com convidadas sempre especiais, onde não há temas tabu e se mostram as diferentes dimensões da mulher, como foi o caso de Inês Herédia.  Ouve todos os episódios aqui
 
 

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Coming Out do Ano
Salvador Sobral 

Numa simples conversa durante uma entrevista Salvador Sobral - que todas as pessoas em Portugal reconhecem como o vencedor de Portugal na Eurovisão - explicou com toda a naturalidade que era uma pessoa intersexo. E com essa naturalidade quem acompanhou este caso percebeu o que ser intersexo significa: 

 

 
 
 

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Livro do Ano
Dissidências e Resistências Homossexuais no Séc. XX Português

Este foi um ano especialmente fértil no campo da história LGBTQIA+ em Portugal. António Fernando Cascais já tinha lançado, em 2004, um livro fundador para os estudos queer nacionais, Indisciplinar a Teoria: Estudos Gays, Lésbicos e Queer, que reunia os trabalhos de investigadores em História, Psicologia, Sociologia, Antropologia, Teoria Literária ou Crítica Cultural. Vinte anos depois, aparece agora Dissidências e Resistências Homossexuais no Século XX Português, que propõe um idêntico esforço de reunião de contributos dos principais investigadores na história da homossexualidade em Portugal. Incluem-se neste volume artigos de Ana Clotilde Correia, António João Silva, Bruno Marques, Francisco Molina Artaloytia, Raquel Afonso, Richard Cleminson e do próprio António Fernando Cascais.

 
 

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Exposição do Ano

Casa Vale Ferreira no Museu de Serralves  

Entre Julho e Novembro, os artistas João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira ocuparam a sumptuosa casa cor-de-rosa da Fundação de Serralves, no Porto, com uma exposição antológica do seu trabalho de mais de vinte anos. A sua atenção tem-se orientado para o estigma e preconceito em relação à comunidade LGBTQIA+, para o trabalho sexual ou para o impacto do VIH/SIDA. Em Serralves foi possível ver uma compilação do seu esforço de resgatar a memória queer e reflectir sobre o seu esquecimento e apropriação. A dupla João Pedro e Nuno Alexandre estende-se além da arte. O casal decidiu inaugurar a exposição com o seu próprio casamento, celebrado como um “statement político” no principal museu nacional de arte contemporânea. 

 

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Música do Ano
Mudar a canção - Marisa Liz
Lançada no Dia Internacional dos Direitos Humanos deita, finalmente, por terra uma canção que todos conhecemos recheada de preconceitos e que continua a ser entoada a cada início de ano universitário. Com uma nova roupagem, sem recorrer a estereótipos e ao ódio gratuito, Mariza Liz trouxe para cima do palco não só as grandes figuras da música portuguesa, mas os temas que nos afectam, magoam e matam enquanto sociedade e país. Um hino a partilhar! 

 

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Espaço LGBTIQA+ do Ano
Aconchego House
Chegou a Lisboa com uma mão cheia de actividades regulares e uma lufada de ar fresco para a comunidade LGBTIQA+ que se quer juntar numa cidade cada vez mais cosmopolita, mas que não pode, nem deve deixar ninguém para trás. Um centro comunitário que fazia falta, com uma programação variada e um porto seguro onde a comunidade LGBTIQA+ é encorajada a ser autêntica.  
 
 

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Noite do Ano
Troye Sivan no Coliseu dos Recreios
O Coliseu dos Recreios já recebeu muitas estrelas e ícones LGBTIQA+ ao longo dos anos: mas Troye Sivan levou todas as pessoas presentes ao delírio. Sem tabus, o artista mostrou que a sexualidade pode e deve ser vivida de forma livre. É também uma mensagem aos artistas portugueses: celebrem a diversidade nas vossas músicas, vídeoclipes e actuações.  
 

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Frase do Ano
Papa Francisco: "Já há demasiadas bichas nos seminários"  
Algo de muito estranho se passa com o Papa Francisco. Ora são conhecidas intervenções e acções variadas em prol da inclusão das pessoas LGBTIQA+ no seio da Igreja (recordamos o Todos! Todos! Todos!), ora somos surpreendidos por afirmações como esta, alegadamente proferida em Maio último num encontro à porta fechada com bispos italianos.
 
 

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Outing do Ano
Uma chamada pela negativa a todos aqueles que não respeitaram a vontade do cantor português, que em vida preferiu viver a sua vida à sua maneira, mas que agora depois da sua morte e a mero troco de vender mais revistas, mais audiência ou publicidade nos intervalos dos programas "cor-de-rosa" falam, inventam e nunca averiguaram nem questionam se essa era a vontade de quem faleceu.
 
 

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Desilusões do Ano

Eleição de 50 deputados do Chega para o Parlamento
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Perseguição movida pela Habeas Corpus às pessoas LGBTQIA+ e a passividade do Governo e das autoridades portuguesas

Dupla desilusão, mas com a mesma raiz: o avanço da extrema-direita e a perseguição às pessoas LGBTQIA+ e aos seus direitos. Nas legislativas deste ano, o Chega obteve mais de um milhão de votos e elegeu 50 deputados à Assembleia da República, com um programa eleitoral que define como prioritário o ataque às minorias e ao Estado social. Não fosse já esta política radical o suficiente, o partido de André Ventura tem dado respaldo a grupos extremistas, que incitam abertamente ao ódio e à violência contra as pessoas LGBTQIA+. Este ano, o grupo Habeas Corpus, liderado pelo ex-juiz negacionista da Covid-19 Rui Fonseca e Castro, acossou váries activistas e, em particular, autoras de livros infantis, interrompendo violentamente sessões de apresentação e acções de formação, ameaçando os seus intervenientes. Têm publicado regularmente uma lista de “terroristas LGBTQIA+”, na qual incluem pessoas ligadas ao activismo, da cultura ou da comunicação social (vários elementos do dezanove.pt foram também já visados). Perante estas acções de intimidação, e face aos apelos que têm partido da comunidade, a conduta do governo e das autoridades policiais tem-se pautado pela inoperância e pela desconsideração da gravidade e do perigo que estes ataques representam.

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