PrEParados ou não?
Hoje, e mais uma vez, o tema que vos abordo é de longe consensual... Falo-vos de PrEP, abreviatura para profilaxia pré-exposição.
Em suma , trata-se de um comprimido que actualmente já é utilizado para tratamento de pessoas com VIH, mas que usado antes da infecção ocorrer pode prevenir até cerca de 92% a possibilidade de transmissão do vírus. Entenda-se que PODE prevenir e não a impede por completo. E não se trata de todo da cura. É, no entanto, um passo gigantesco pois reduzindo a transmissão, de alguma forma pode-se pensar no início do fim da pandemia.
Mas como sempre existem condições... o famoso "se" que acompanha sempre uma novidade deste tipo.
- A medicação tem de ser tomada consistentemente - foi provado que a eficácia deste método desce cerca de 50% quando não é tomada de forma consistente (todos os dias). Se pensarmos numa roleta russa, é como ter uma arma carregada apenas com uma bala ao invés de termos apenas uma câmara sem bala.
- Tem de cumprir os pressupostos de indicação para a toma de medicação, ou seja, pertencer a um dos grupos que está potencialmente em risco de contrair VIH.
- Ser acompanhado a cada 3 meses seja clinicamente (com exames complementares de diagnóstico), seja com ensino e reforço acerca do uso de preservativo e outros métodos de protecção.
- Ter sido testado negativo nos 3 meses anteriores ao início da medicação.
Mas aparte destas tecnicidades, o que vos trago para pensar é um pouco mais complexo...
Não irá este método levar à diminuição do uso de métodos de protecção?
Não trará uma sensação de imunidade na relações ocasionais levando por isso a um retroceder de comportamentos?
E como serão as campanhas de prevenção de futuro? Deverão ter em consideração este método complementar?
São algumas das questões que me ocorrem quando penso na PrEP.
Mas a pergunta mais importante deixo-a a si... devemos estar PrEParados ou não?
Como sempre, façam tudo mas façam seguro!
Enfermeiro Carlos Gustavo Martins
Fontes: