Proibição de viajar para os EUA deixa refugiados LGBT no limbo
Agredido pelo irmão por causa de sua orientação sexual, enquanto crescia no Irão, o maior desejo de Ramtin Zigorat é conseguir encontrar um local seguro para viver.
O activista dos direitos dos homossexuais, de 27 anos, que vive na Turquia, estava a caminho de uma nova vida nos Estados Unidos, mas seu sonho foi adiado em Janeiro depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter decidido barrar o acesso de pessoas provenientes do Irão e de mais seis outros países. A sua história foi agora contada pela CNN. A nova ordem presidencial, emitida esta segunda-feira, tirou o Iraque da lista de países banidos, mas manteve o Irão e outros cinco países muçulmanos de entrarem nos EUA.
No Irão, um médico recomendou a Zigorat a cirurgia de mudança do sexo, uma opção possível num país onde ser gay é ilegal e muitas vezes a orientação sexual é confundida com identidade de género. Quando, em 2013, recusou renunciar a sua orientação sexual e o activismo LGBT, Ramtin Zigorat foi preso e condenado à morte.
Desde que fugiu para a Turquia há quase dois anos, Zigorat, que não usa o seu nome por questões de sua segurança. Inscreveu-se na agência da ONU para refugiados, a ACNUR, que lhe propôs ser acolhido nos EUA. Após a introdução da proibição de viajar de Trump, a segunda entrevista de Zigorat para um visto no EUA foi cancelada. Nenhuma razão foi apresentada. "Na Turquia, o Estado não é contra ti legalmente, mas culturalmente é o mesmo que o Irão", disse Zigorat em declarações à CNN.
De acordo com o ACNUR, existem 1.900 refugiados LGBT na Turquia, mas grupos de direitos LGBT estimam que o número seja maior, já que muitos têm medo falar sobre sua orientação sexual ou identidade de género.
Foto: Ramtin Zigorat (CNN). Texto: Fernando Santos
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