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“Quando se tem 17 anos” e a beleza é bela (com trailer)

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Apresentado no último Queer Lisboa, “Quando se tem 17 anos” (2016), de André Téchiné, estreou nas salas de cinema portuguesas e está agora na sua última semana de exibição.

 

Téchiné, 74 anos, realizador francês, está de volta e regressa à juventude e à descoberta do que é a vida. Será que quando se tem 17 anos sabemos o que queremos para a vida? E será que quando se tem 74 anos já sabemos?

Damien (Kacey Mottet Klein), um rapaz de 17 anos, vive com a sua mãe Marianne (Sandrine Kiberlain), enquanto o pai se encontra ausente numa missão militar. Na escola, é vítima de bullying por parte de Thomas (Corentin Fila), o filho adoptivo de agricultores locais. No sentido de ajudar a mãe de Tom, que se encontra doente, Marianne oferece-se para acolhê-lo. Forçados a morar juntos, a tensão entre os dois jovens torna-se cada vez mais palpável.

Escrito pelo próprio Téchiné e por Céline Sciamma, argumentista e realizadora de filmes como “Maria-Rapaz” (“Tomboy”, 2011), o filme “Quando se Tem 17 Anos” fez parte da secção oficial da Berlinale, o Festival de Cinema de Berlim.

Quando se tem 17 anos tudo é belo e há uma beleza imensa na vida, como se “De um sonho escultural tenho a beleza rara” e em que “Tenho p'ra fascinar o meu dócil amante / Espelhos de cristal, que tornaram deslumbrante / A própria imperfeição: — os meus olhos ardentes!” (Charles Baudelaire em “A Beleza”, no livro “As Flores do Mal”, tradução de Delfim Guimarães). Só pensamos em unicórnios e arco-íris, gostamos de passear pelas montanhas, ficar encharcados de neve, de cheirar os prados, de não estudar, de nos descobrirmos sexualmente… Ou talvez a beleza da vida seja uma grande complicação, muitas vezes porque estamos formatados para a ver de determinada forma. Mas a beleza da vida tem todas as formas e feitios. E é muito mais que um encontrão. E é muito mais que uma rasteira. E é muito mais que a morte. E é muito mais que a vida.

Com “Quando se tem 17 anos”, André Téchiné dá-nos um filme apaixonante, abordando temáticas como o bullying, a aceitação social, o racismo, o companheirismo, a vida e a morte. Téchiné sabe o que faz e o que quer que sintamos e é por isso mesmo que esta película é, sem dúvida, um dos seus melhores filmes em anos.

 

4 estrelas em 5

 

Luís Veríssimo