Reino Unido: Após o Brexit os ataques homofóbicos cresceram 147% em três meses
Este crescimento é proporcionalmente maior, do que outros crimes de ódio praticados após o voto do Brexit. Activistas pedem a revisão da lei e penas mais pesadas para estes crimes.
Mais de 3000 denúncias de crimes de ódio foram feitas à polícia britânica, na sua maioria sob a forma de assédio e ameaça, na semana anterior e na semana posterior ao referendo popular, realizado a 23 de Junho. Um aumento de 42 por cento face ao ano de 2015.
O Presidente da Comissão de Igualdade e Direitos Humanos na Grã-Bretanha, David Isaac, disse: “Actualmente, a lei cria uma 'hierarquia de crime de ódio', que deixa a mensagem de que alguns grupos, são mais dignos de protecção do que outros. Isto mina a confiança das vítimas na lei. Tal pode contribuir, para elevados níveis de subnotificação em algumas comunidades. Exortamos o Governo a proceder a uma revisão em grande escala, das sentenças de ofensas agravadas.”
De acordo com a Galop, a associação britânica que monitoriza situações de violência cometidos contra a comunidade LGBT, nos meses de Julho, de Agosto e de Setembro, os crimes de ódio contra lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans, aumentaram 147 por cento em relação ao mesmo período do ano passado. Nestes três meses, que se seguiram ao referendo popular da saída do Reino Unido da União Europeia, a Galop já prestou apoio a 187 pessoas LGBT, após terem sido vítimas de crimes de ódio. Este aumento é proporcionalmente maior, do que outros crimes de ódio praticados na sequência do voto Brexit.
O relatório divulgado pela Galop, baseado num estudo feito a 467 pessoas LGBT, refere que quatro em cada cinco inquiridos, já experienciaram crimes de ódio. No entanto, apenas um quarto denunciou o último crime de ódio que experienciou, demonstrando assim que existe uma lacuna nos dados recolhidos e apresentados pela polícia e pelos departamentos do Governo. Os inquiridos neste estudo relataram baixa satisfação com a polícia e com os resultados obtidos após apresentarem queixa dos crimes de ódio ocorridos.
Nik Noone, responsável da Galop, afirmou: "As respostas do Reino Unido para os crimes de ódio estão entre os melhores do mundo, mas as nossas leis para crimes de ódio estão longe de serem perfeitas. A maior pena de prisão que um tribunal pode dar a um homofóbico, transfóbico ou a quem pratique uma agressão comum é de seis meses. Isso é, apenas um quarto do máximo de dois anos, que se pode dar a quem pratique actos de agressão, com base no racismo ou na sua fé. Esta disparidade precisa de ser corrigida".
Fonte: The Guardian
Imagem: Alamy
Carlos Simões