Representante do Governo e vários políticos foram à Marcha do Orgulho LGBTI (com vídeo)
Qualquer Marcha do Orgulho LBTI é um posicionamento político (mais ou menos declarado). Este ano na Marcha de Lisboa não faltaram políticos.
Destaque para Catarina Marcelino, Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, que, de forma inédita, marcou presença em representação do Governo e para Robert A. Sherman, Embaixador dos EUA em Portugal. Mas vários outros políticos marcaram presença. O dezanove.pt captou o que de mais importante se disse durante a tarde de Sábado:
Catarina Marcelino, foi a primeira representante do Governo português numa Marcha do Orgulho LGBTI. No seu discurso não deixou de parte a luta contra o terrorismo e contra a homofobia: “Foi um orgulho estar aqui hoje convosco, em nome do Governo português associar-me a esta Marcha. Uma Marcha de Orgulho, de diversidade, de inconformismo, contra a desigualdade. Em nome da nossa Constituição somos todos Portugueses e Portuguesas, temos todos direitos iguais. Viva a diversidade, viva a liberdade, viva a democracia! Temos de lutar contra o terrorismo, contra a homofobia! Estamos aqui e não nos rendemos. Lutamos pela liberdade”. À margem do que disse no palco da Ribeira das Naus, a Secretária de Estado declarou à agência Lusa que o Governo "está a trabalhar para aprofundar a lei da identidade de género e a trabalhar também nas questões que têm a ver com as pessoas intersexo”.
“É importante virmos à Marcha, não só por causa de Orlando – foi o último acontecimento trágico, mas acontecem outros, todos os dias e noutros lugares – os direitos LGBT precisam de mobilização constante, porque são direitos, não são negociáveis. É necessário apoiar estas iniciativas” disse Thomas Stelzer, Embaixador da Áustria em Portugal, na primeira vez que veio à Marcha do Orgulho de Lisboa.
Robert A. Sherman confidenciou que era para ter vindo o ano passado, mas acabou por estar fora do país. Este ano já tinha planos de participar, independentemente do que aconteceu em Orlando: “Estou lado a lado com a comunidade LGBTI”. “Fizemos progressos significativos em matéria de liberdade, mas não estamos lá ainda”, o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi legalizado para todos os 50 estados. O Embaixador dos EUA prossegue “Em Orlando estavam pessoas da comunidade LGBTI reunidas para uma noite de celebração durante o mês do orgulho, a ouvir música latina e a dançar. Pessoas foram mortas ou feridas, apenas porque são autênticas. A intolerância não deve ser admitida numa sociedade livre. Marchar hoje é a minha forma de me posicionar por esta comunidade e pela liberdade. A razão para o ataque foi intolerância e fanatismo”.
Não foi a primeira vez que o PAN (Pessoas, Animais, Natureza) desfilou na Marcha de Lisboa, mas agora foi com representação parlamentar. O partido de André Silva pretende “acabar com a discriminação que ainda existe relativamente às pessoas trans e trabalhar a identidade de género. Estamos atentos e queremos aprofundar detalhes como a idade em que se pode iniciar o processo [de reatribuição sexual]” disse o único deputado eleito pelo PAN. Sobre a idade de acesso à identidade comentou “é claro que deve ser antes dos 18 anos, mas ainda não chegámos a consenso se deverá ser aos 16 ou eventualmente antes. Estamos a ouvir as várias organizações”.
“Esta Marcha é especial porque celebra as recentes conquistas que tivemos no nosso país.”, afirmou Duarte Cordeiro, Vereador da CML. “E é especial também para mostrarmos apoio pela igualdade e pela liberdade depois do que aconteceu em Orlando. (…) Pareceu-me claramente que houve ali um crime de ódio. E há questões de homofobia que têm que ser profundamente combatidas do nosso lado e têm de ser reafirmados os valores da liberdade e da igualdade. Quando existe terror e intimidação temos que responder com convicção e com confirmação”.
Já em cima do palco dos discursos de encerramento da Marcha, o vereador dos Direitos Sociais João Afonso exultou: “Hoje estamos muitos mais do que o ano passado e esperamos para o ano que estejam mais dos que estão este ano. Viva a diferença!”
Na 17ª Marcha do Orgulho LGBTI marcaram ainda presença Tzipora Rimon (Embaixadora de Israel), Michael Suhr (Embaixador da Dinamarca), Mariana Mortágua (BE), Sandra Cunha (BE), Isabel Moreira (PS), Paulo Trigo Pereira (PS) e Paula Marques (Vereadora da Habitação / Desenvolvimento Local, CML).
Intervenção de Catarina Marcelino.
Luís Veríssimo