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Nem na mata se encontram histórias assim

Rita Paulos: Orlando e Edward, Kimberly, Stanley, Amanda, Juan...

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Orlando. Honremos as pessoas mortas e feridas - se possível, nomeando-as, mostrando as suas fotos e um pouco da sua história de vida, como já se encontram a fazer alguns meios de comunicação social. Quem sobreviveu que veja tratadas com sucesso as suas feridas físicas e psicológicas de um evento absolutamente traumatizante.

Mas precisamos de fazer algo mais, porque a homofobia ainda é testemunhada com inércia e encolher de ombros e as necessidades específicas de protecção social de um dos grupos de pessoas mais estigmatizados em todo o mundo ainda não são respondidas em pleno.

Muitas pessoas encontram-se a referir - com razão - que o massacre de Orlando não está a suscitar reacções como noutros casos, apesar da sua gravidade e especificidade simbólica. Existem, parece-me, várias razões, mas a indiferença, a desidentificação ou mesmo a homofobia não é uma surpresa. Já chegámos tão longe, mas há tanto em falta ainda. O problema da homofobia é a desumanização que este tipo de preconceito traz carregadamente consigo pela invisibilidade da característica e pela sua associação à sexualidade. Numa crónica recente que escrevi sobre o caso do Colégio Militar falo também de "bonecos". É isso que somos para muitas pessoas: unidimensionais, descartáveis e de menor valor. Não é tão grave.

Há que combater ferozmente este esvaziamento. Enchamos de alguma consequência estas vidas feridas, estas mortes completamente injustificadas. Não falarei da ilegalização da posse de armas de fogo (que concordo), do terrorismo (e como o combater) ou das religiões (tantas que na sua versão fundamentalista têm sido um manto protector e de validação da homofobia). Tudo igualmente importante discutir. Falo do que tradicionalmente é relegado ainda para segundo plano. Falo que ainda temos muito por fazer em termos sociais. As 102 vítimas em Orlando merecem-no.


Rita Paulos, directora executiva da Casa Qui