A primeira noite do Kalorama será coroada por Sam Smith, artista inglês que em 2019 revelou identificar-se como não binário. A edição de este ano do festival promete trazer grandes nomes da música internacional a Lisboa. Serão vários os artistas LGBTQIA+ que subirão ao palco da Bela Vista. 

Espera-se que o concerto do cabeça de cartaz do primeiro dia esteja em linha com o que foi apresentado no Lollapalooza do Rio de Janeiro, no último Março. Esse espectáculo foi uma verdadeira “aula queer”, com Sam a reivindicar para todos a liberdade de se exprimirem, independentemente das convenções de género e das normas sociais. Ao longo do concerto, foi trocando de roupa e exemplificando as inúmeras e criativas possibilidades, terminando num conjunto de lingerie que representa um desafio directo ao padrão heteronormativo. 

É com essas linhas que Sam Smith constrói a sua persona artística, mas também a pessoal. Em entrevista à GQ UK em 2002, declarou que toda a vida se debateu e procurou a melhor forma de sinalizar a sua identidade. Confessou ter encontrado nos termos “não binário” e “genderqueer” uma forma muito mais certeira para a indicar do que a de “homem gay”, como é frequentemente rotulado. “Isso nunca fui realmente eu. Sempre me senti queer. Sempre me senti não binário trans. Toda a minha vida”, explicou à revista inglesa.

Gloria, o seu último disco lançado no início de 2023, espelha este processo de florescimento artístico, um novo “coming of age”, nas palavras de Sam. A crítica destacou precisamente a centralidade que as identidades queer assumem na música. Unholy, o segundo single, conta com a participação da cantora trans Kim Petras e tornou-se um dos temas mais ouvidos, ainda antes do lançamento do álbum. 

Pedro Leitão