Ivan e Leila, duas crianças de 12 anos deixam carta de despedida antes de saltarem da varanda do prédio onde moravam. Na carta falam de intolerância, racismo, bullying e transfobia

Na passada terça-feira, Ivan e Leila, duas crianças gémeas de 12 anos saltaram da varanda do prédio onde viviam em Sallent, nos arredores de Barcelona, na Catalunha. Antes de saltarem, escreveram cartas de despedida, onde falam de intolerância, racismo, bullying e transfobia.

Uma das crianças morreu e a outra encontra-se em estado grave, internada no Hospital Parc Taulí. Sabe-se que no momento da queda as crianças estariam com o pai, embora numa outra divisão da casa, não conseguindo evitar o sucedido.

As informações disponibilizadas ao público têm-se mostrado contraditórias. Do que conseguimos apurar, o Departamento de Educação da Generalitat, a Câmara Municipal de Sallent e o Instituto Llobregat inicialmente descartaram um possível assédio, porém depois de receber novas informações que dão conta da Identidade de Género de Ivan, admitem agora que a criança poderá ter vivenciado episódios de transfobia. Recorde-se que as crianças tinham acompanhamento psicológico no instituto Llobregat para facilitar o processo de adaptação ao novo país, dado que eram originárias da Argentina. 

Este caso tem vindo a merecer a atenção mundial, principalmente em Espanha (local do acontecimento) e Argentina (país de origem das crianças), bem como da comunidade LGBTQIA+. A comunidade mais próxima, bem como a vizinhança e colegas de escola, reuniram-se em torno da casa da família.

A Câmara Municipal de Sallent decretou três dias de luto oficial, além de suspender as festividades de Carnaval. Por sua vez, o Departamento de Educação da Generalitat activou a Equipa de Orientação e Aconselhamento Pedagógico para que esteja à disposição dos colegas das duas crianças.

Este trágico evento mostra-nos que devemos continuar a lutar em prol da comunidade LGBTQIA+ e das suas crianças, respeitando e celebrando a pluralidade e diversidade de identidades.

Marta Pimentel Santos

Nota: Optou-se por não fazer o deadnaming neste artigo.

Definição de Deadnaming ou "Nome Morto": Expressão para identificar situações em que é usado o nome atribuído à nascença de uma pessoa trans ao invés do nome pelo qual se identifica – e que pode apenas ser reconhecido socialmente ou já ser legalmente reconhecido. Esta é uma forma de violência contra pessoas trans e não binárias.

Se estás a ler isto e estás a atravessar um período complicado lembra-te que tens pessoas que te podem ajudar. 

Se conheceres alguém à tua volta que está a atravessar um período difícil, lembra-te que podes ajudar recomendando os seguintes meios:

Contactos Úteis de associações LGBTQIA+

Linhas de apoio e de prevenção do suicídio em Portugal

SOS Voz Amiga
213 544 545 - 912 802 669 - 963 524 660 (das 16h às 24h)
Linha Verde gratuita - 800 209 899 (das 21h à 24h)

Conversa Amiga
808 237 327 - 210 027 159 (das 15h às 22h)

Voades - Vozes Amigas de Esperança
222 030 707 (das 16h às 22h)

Telefone da Amizade
228 323 535 (das 16h às 23h)

Voz de Apoio
225 506 070 (das 21h às 24h)

SOS Estudante
915246060 - 969554545 - 239484020 (das 20h à 1h)

Todas estas linhas são de duplo anonimato — garantido tanto a quem liga como a quem atende. Para encaminhamento, a linha do SNS24 (808 24 24 24) é assumida por profissionais de saúde.

Se achas que podemos melhorar alguma coisa deste texto quer para respeitar a linguagem inclusiva e a comunidade LGBTQIA+ quer com outros números de associações LGBTQIA+ que prestam apoio e prevenção de suicido e saúde mental, por favor manda-nos um e-mail para dezanovept@gmail.com