Depois de ter lançado “Estar além: A persona queer de António Variações” no passado dia 20 de Fevereiro, António Fernando Cascais presenteia-nos com mais um dos seus trabalhos em torno dos estudos de género e teoria queer, mais precisamente, a respeito das masculinidades e da homossexualidade na guerra colonial portuguesa conhecida também como Guerra do Ultramar entre 1961 e 1974.
“A história da homossexualidade é a história de tudo quanto foi infligido às pessoas homossexuais a pretexto de o serem, mas é, no mesmo pé, a história de todas as formas pelas quais elas reagiram e se defenderam, construindo e reconstruindo contra-identidades de resistência.”
Sem o 25 de Abril de 1974 não teria existido associativismo LGBTIQA+ em Portugal, mas este não encontrou de imediato as condições indispensáveis à sua implantação na sociedade portuguesa. A questão era demasiado “fracturante”, tanto para as direitas políticas extremamente conservadoras, como para a cultura revolucionária radicalizada predominantemente antifascista e anti-capitalista que tendia a desqualificar como burguesa e decadente a subcultura gay e lésbica que prosperava, por outro lado, muito ligada ao circuito de bares e aos espectáculos de transformismo.
Se é verdade que só conhecendo a nossa história conseguimos compreender o presente, também é verdade que existem poucas iniciativas de síntese da história nacional dos movimentos feministas e, em particular, de luta pelos direitos LGBTQIA+.
Celebramos 46 anos de democracia, 46 anos que Portugal e suas colónias acordaram de um período de repressão e de ditadura sangrenta. Fruto de uma madrugada libertadora em que os capitães de Abril, junto com a força revolucionária popular, romperam com a cegueira de uma guerra forçada e sem fim à vista, abrindo as portas à Democracia, à Igualdade, à Justiça Social, à Paz e Solidariedade. Estes foram tempos de afirmação, renovação, de sonhos e de perseguição de utopias de um povo que durante uma vida não soube mais do que viver de uma alegria reprimida pela ignorância propagandeada pelo Estado Novo.
O meu primeiro contacto com a revolta de Stonewall remonta aos anos de faculdade, em Coimbra, em 1979-80, quando comecei a ter acesso a publicações e associações estrangeiras que o mencionavam, sobretudo as francesas como a Masques – Revue des Homosexualités, e mais tarde o Gai Pied.
A esta pergunta, e a todas as outras que se seguem, serão dadas respostas e proporcionadas reflexões na conferência anual organizada pela associação Acesso Cultura.
Foi apresentado esta quinta-feira o livro “Histórias da Noite Gay de Lisboa” da autoria de Rui Oliveira Marques, edições Ideia Fixa. A sessão de apresentação do livro esteve a cargo do investigador queer António Fernando Cascais e de Marco Mercier, director-geral do Trumps, e foi efectuada durante o 36º aniversário da discoteca lisboeta.
Não é nada fácil escrever sobre o massacre de Orlando. E não por não ser evidente que se trata de um ataque homofóbico, já que o alvo e o propósito o provam sem qualquer margem para dúvida. O problema é que a verdadeira catadupa de explicações contraditórias dos factos e respectivas explorações políticas e ideológicas o complicam num emaranhado extremamente difícil de destrinçar. Pode-se mesmo dizer que cada simplificação só obscurece e piora a compreensão de um crime trágico sobre o qual, por outro lado, não se pode fazer silêncio.
Queer não é apenas cultura, também pode ser uma forma de protesto, como mostram as Pussy Riot. O seu exemplo e as novas formas de contestação queer vão estar em debate na Culturgest, em Lisboa, no próximo dia 6.
Uma retrospectiva dedicada ao cinema de John Waters, a estreia de cinco filmes inéditos de António da Silva, um programa especial sobre África e uma secção Panorama que integra alguns dos títulos mais significativos que o cinema queer nos deu no último ano são, juntamente com uma extensão do festival ao Porto e o lançamento de um livro, alguns dos destaques de parte da programação do Queer Lisboa 18 – Festival Internacional de Cinema Queer. Ao todo serão 127 filmes, entre curtas, longas e documentários a serem exibidos de 19 a 27 de Setembro.
A dupla João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira vão apresentar esta quarta-feira o número 3 da fanzine que iniciaram em Nova Iorque aquando da exposição do projecto P-Town. O segundo número da fanzine surgiu já em Portugal “quando o projecto P-Town foi desenvolvido e apresentado em Lisboa, na galeria Boavista, onde para além de apresentarmos material recolhido em Provincetown, também mostrávamos referências usadas nos trabalhos da exposição e material relativo à polémica com a Tranquilidade.” refere João Pedro Vale distinguido em 2011 com o prémio Personalidade do Ano.