É com grande perplexidade que vejo amigues LGBT a partilharem a energia igualitária do Papa Francisco post mortem. Papa Francisco foi sem dúvida o mais próximo que tivemos de uma voz da igreja católica menos opressora, o que saúdo, não respeito. Ser menos opressor não significa não ser opressor, ou seja, não significa de facto a base opressora da sua índole católica inquiridora e julgadora pronta a meter na forca de qualquer pelourinho mundial uma “bicha” assumida.
Será Luís Montenegro o extremista, o coming out do ano? É a pergunta que ecoa hoje nos túneis do metro de Lisboa, na esquina de todas as ruas do país e nas cabeças dos portugueses e das portuguesas. Perante uma manifestação expressiva anti racista, anti xenofobia, anti sociedade securitária, é uma percepção popular válida, afinal, apelidar aqueles que batalham pela igualdade de extremistas posiciona por si quem o diz no obscurantismo dos resquícios extremistas da sociedade portuguesa.
Nada de novo para os que escutam atentos os ainda persistentes silêncios gritantes de alguns socialistas, silêncios que dão espaço para a materialização a “negrito” no recuo em matéria de direitos humanos pelo PSD e pelo CDS, desde… sempre.
Sou natural desta grande aldeia, com infelizmente tão parcos valores de igualdade. Era óbvio desde a pré-escola que futebol não era a minha praia, não pelo desporto em si, joguei algumas vezes com amigos próximos e com os meus primos, todos rapazes e fi-lo de livre vontade e diverti-me muito como qualquer outra criança, mas rapidamente essa alegria no futebol acabou.
Sempre que assistia aos Jogos Olímpicos me perguntava porquê que a existir divisão de atletas em competição não seriam os factores peso e altura e não o género a categorizar atletas. A divisão de homens de um lado e mulheres do outro é tão infundada e sem sentido como dizer que um homem é mais físico e uma mulher mais cerebral. Afinal se assim fosse apenas teríamos mulheres como patroas e líderes. Porquê que as mesmas pessoas que defendem a vantagem hormonal física do homem perante a mulher não defendem que as mesmas devam ser patroas e líderes? É no mínimo uma das muitas conveniências machistas provenientes da macholândia.
“BOYS” vai estrear em data a anunciar no próximo mês em Setembro, em Lisboa. O trabalho é da autoria do Colectivo F5 liderado pela dupla artística Dário Pacheco e José Aparício Gonçalves, que criaram o último calendário da associação Boys Just Wanna Have Fun.