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Nem na mata se encontram histórias assim

"Estamos na vanguarda internacional no que diz respeito ao Direito. Mas perdura o velho problema português da distância entre leis e prática"

miguel vale de almeida

Gosto de distinguir dois sentidos para "25 de Abril". Um, mais genérico, abarca toda a experiência democrática pós-1974. Outro, mais restrito, refere-se ao período revolucionário e instável entre o 25 de Abril de 1974 e a dita "normalização" posterior ao 25 de Novembro de 1975. Quando penso no primeiro, sinto orgulho num país que conseguiu garantir legalmente todos os direitos políticos, cívicos e humanos (ainda que não todos os direitos sociais). Quando penso no segundo, vejo os sinais da dificuldade em colocar no debate político as questões de género e sexualidade.
 

Abril e pessoas LGBTIQA+ 

isabel moreira opinião

As pessoas LGBTIQA+ sabem da sua história. Sabem que o dia 25 de Abril de 1974 foi o início de uma libertação demorada. Se é esse o ano que a associação dos psiquiatras americanos retira a homossexualidade da lista das patologias (a OMS retira em 1992), por cá, um manifesto de homossexuais é repudiado pelo general Galvão de Melo na televisão com estas palavras: “O 25 de Abril não se fez para as prostitutas e os homossexuais reinvindicarem”.