O invisível não é reconhecido a olho nu. Houve um tempo em que armas eram somente um desejo. A batalha contra o inimigo invisível estava perdida. Estamos nos anos 90. O espelho não reconhece o teu corpo. As roupas caem das molas dos teus braços. Definhas. Vai correr tudo bem. Digo-te. Vai correr tudo bem. Existem poucas armas. A certeza é somente um poema. Mas a batalha continua. Está um frasco de álcool pousado na bancada da cozinha. Olho-te. Sinto-me sujo. Dizes. Sinto-me sujo. As nossas lágrimas dançam juntas em silêncio. Estou estragado. Dizes. Estou estragado. Um papel branco pousa sobre a mesa.
Cinco histórias reais registadas em vídeo dão corpo à nova campanha do CAD - Centro Anti-Discriminação VIH e Sida (GAT e SER+), que tem como objetivo dar a conhecer a evidência científica de que pessoas que vivem com VIH não transmitem o vírus quando estão em tratamento, por terem carga viral indetectável.
No âmbito do 30º aniversário da associação, que se assinalou a 5 de Junho, a Abraço apresenta uma campanha de impacto dirigida à mudança de como se deve entender e perspectivar o VIH nos dias de hoje.
Cada um de nós, pessoas LGBTQIA, tem a sua história pessoal, mais ou menos tortuosa, mais ou menos fácil. A minha, possivelmente, semelhante à de tantos outros: nascido no final dos anos 1970, filho único de uma família de classe média baixa com grandes expectativas para mim, nomeadamente, tirar um curso superior, casar aos 20 e poucos, ter filhos. A juntar ao que a sociedade desejava de mim, a educação religiosa judaico-cristã incutiu-me também o medo, a repulsa, o sentir que gostar de homens era pecado, era errado.
Sei que tenho estado muito silencioso aqui pela internet. No entanto, não dar sinais de vida online não é sinónimo de não haver vida offline, e a verdade é que há muita coisa a acontecer IRL.