A alegria do corpo dança-lhe na pele. No centro da sala, a luz acende-se. Suavemente o som invade a casa. É dia de ensaio. O movimento das pernas esguias atravessa o espaço. Os seus cabelos rodopiam. As saias largas e compridas esvoaçam, contaminando de contentamento, todos os espectadores.
Se não tivesses esse teu jeito, até eras giro. Disse ela. Os calções curtos faziam avançar uma mistura de bicicletas. Estávamos no verão de 90, de uma vila desenhada, exactamente no meio do nada. O sol despe-nos o corpo e a alma. Existe uma espécie de carta escrita com tinta de felicidade e envelope de alegria. Vivíamos num tempo, com muito tempo para esperar pelo carteiro e pelas respostas.