Natal Hetero
Nesta época, juntam-se à mesa os tios, avós, primos, sobrinhos, irmãos, padrinhos e afilhados, pais e filhos, ...
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Nesta época, juntam-se à mesa os tios, avós, primos, sobrinhos, irmãos, padrinhos e afilhados, pais e filhos, ...
A hospitalidade é uma arte que transcende culturas, línguas e tradições. Quando se trata de receber a comunidade LGBTQ+, essa arte assume contornos de inclusão, aceitação e celebração.
Querido Pedro Miguel,
Escrevo-te do futuro, com o coração cheio de ternura e compreensão por tudo o que estás a viver. Eu sou tu, muitos anos depois, mas hoje quero falar contigo como se fosse um amigo que te conhece profundamente, um amigo que sabe de cada sorriso, cada lágrima, cada momento de alegria e cada instante de dor que te atravessaram.
A sociedade está a viver uma era de maior visibilidade e aceitação das identidades LGBTIQIA+, mas ao mesmo tempo, há um segmento da população frequentemente esquecido: as pessoas LGBTIQIA+ idosas. Embora muitas lutas pela igualdade e pelos direitos dessa comunidade tenham ganhado destaque nas últimas décadas, a saúde mental da população LGBTIQIA+ mais velha continua a ser uma área marginalizada. É fundamental que se reconheçam os desafios únicos enfrentados por estas pessoas e que se promova o cuidado adequado do seu bem-estar psicológico, garantindo que envelhecer com dignidade, respeito e saúde mental seja uma realidade para todos.
Há algum tempo, aproveitei este espaço para falar sobre representatividade e a sua importância. Hoje, regresso para reiterar como esta é fundamental.
Será Luís Montenegro o extremista, o coming out do ano? É a pergunta que ecoa hoje nos túneis do metro de Lisboa, na esquina de todas as ruas do país e nas cabeças dos portugueses e das portuguesas. Perante uma manifestação expressiva anti racista, anti xenofobia, anti sociedade securitária, é uma percepção popular válida, afinal, apelidar aqueles que batalham pela igualdade de extremistas posiciona por si quem o diz no obscurantismo dos resquícios extremistas da sociedade portuguesa.
Com um Novo Ano a começar é inevitável reflectirmos sobre todos os acontecimentos que se passaram ou as decisões que tomamos no último ano. As reuniões familiares também ajudam a pensar no nosso percurso ao longo do ano, e comparar como estávamos há um ano e como estamos agora.
A primeira vez que me apaixonei, tinha 14 anos. 14 anos. Eu tinha 14 anos. Aos 14 anos eu já sabia que era gay. Aos 14 anos, eu já sabia tudo. A ventoinha no chão. O calor. Os pés que sentem a frescura da roda que roda e gira. Um velho gira-discos. Encostado à parede do lado direito do sótão, está um móvel antigo que abraça um velho gira-discos. Conta histórias. Contar-me-ia se pudesse, muitas histórias. Falar-me-ia da viagem da Alemanha. Das festas de emigrantes. E dos discos. Bee Gees. Bob Dylan. Paul Simon. The Rolling Stones.
Uma carta. Não é um email. Não é uma mensagem. Uma carta. Um manuscrito num envelope, daqueles que encontramos dentro da caixa do correio, depois de ouvirmos, é o carteiro. As minhas mãos abrem o envelope. Sei que gostas de Madredeus e adoras o mar. Eu não reconheço aquela letra torta e envergonhada. A carta estava na caixa do correio. A carta não tem remetente. Uma carta sem remetente, não espera resposta. Sei que gostas de escrever e de ficar deitado no chão. As minhas mãos sentem o tacto de cada um daqueles caracteres. Quem é o misterioso escritor de cartas? Como é que tem a minha morada? O que é que pretende de mim?
Queria escrever algo sobre esta época festiva, porém acho que não sou a pessoa mais natalícia para o fazer…
O Natal é uma época emocionalmente carregada, repleta de significados culturais e expectativas sociais. Para pessoas LGBTQIA+, a época pode ser particularmente desafiante devido a dinâmicas familiares complexas ou à falta de aceitação.
Portugal é visto como um exemplo de progresso quando falamos de direitos LGBTQIA+. Apesar das leis que garantem igualdade, a realidade no terreno pinta um quadro diferente, especialmente quando o tema é saúde. Não basta aprovar legislação. É preciso que ela funcione para as pessoas.
O Natal é uma época de celebração e união, mas também de consumo desenfreado. Para a comunidade LGBTQIA+, o período natalício tem-se tornado alvo de uma prática que, à primeira vista, pode parecer inclusão, mas que, na realidade, muitas vezes não passa de oportunismo: o “pinkwashing”. Este fenómeno refere-se ao uso de símbolos e discursos LGBTQIA+ por marcas que, na prática, não têm qualquer compromisso com a comunidade.
Quando pensamos em Manuel Luís Goucha, é impossível ignorar a sua presença marcante como apresentador e figura pública em Portugal. Ele não é apenas um dos comunicadores mais carismáticos do país, mas também um homem que, de forma descomplicada, vive a sua vida abertamente enquanto membro da comunidade LGBTQIA+. Mas o que esta visibilidade significa para a saúde mental, não apenas dele, mas de quem se sente representado?
Acho que todos já nos depararmos com estas perguntas. Quando digo todos, pessoas que não tem relações amorosas heterossexuais. E como fugimos do padrão arcaico imposto por uma sociedade patriarcal, surgem as perguntas sem nexo.
Um dia perguntaram-me o que eu fazia socialmente e gostaria de parar, caso pudesse. Embora a minha mente viaje por uma panóplia de temas, nunca tinha pensado nisso. O que me irrita socialmente? Bem, há coisas: tocarem-me à campainha (aquele ruído é insuportável), ligarem-me no meio de um bridge da Taylor Swift, ou ter de explicar a minha brilhante referência Pop no meio de uma conversa de café.
Quando uma pessoa LGBTQIA+, decide revelar a sua orientação sexual ou identidade de género, o momento pode ser libertador, mas também muito difícil. Para muitos, assumir quem são pode significar a perda de relações familiares importantes, gerando um tipo de luto pouco discutido e muitas vezes não reconhecido socialmente: o luto invisível.
Ser uma pessoa intersexo é muito mais comum do que muitos pensam. Imagina crescer e perceber que o seu corpo não se encaixa nas definições tradicionais de “masculino” ou “feminino”. Para milhões ao redor do mundo, essa é uma realidade que envolve desafios únicos, especialmente em relação à saúde mental e à autonomia.
Queridos amig@s,