“Defender que o sexo já tem género, que já é construído, não explica como se produz forçosamente a «materialidade» do sexo. Com que restrições se materializam os corpos como «sexuados», como entenderemos a «matéria» do sexo e, de maneira mais ampla, a dos corpos como repetida e violenta circunscrição da inteligibilidade cultural? Que corpos se materializam e contam (matter], e porquê?” - Judith Butler, Corpos que Contam (Orfeu Negro, 2023)
“Mas existem verdadeiramente homens e mulheres em si, indistintos em si, com o social manietado pelo biológico?”. Esta é, a questão introdutória ao 12º número da colecção “Cadernos de Ciências Sociais” que, através de um conjunto de autoras feministas de diferentes áreas disciplinares, nos partilha considerações essenciais da construção teórica do feminismo ou, se quisermos antes, dos feminismos plurais.
Felizmente, observamos uma intensa ascensão da teoria e política Queer no nosso contexto actual e, obviamente, o interesse pelos preceitos que envolvem essa corrente referida está diametralmente relacionado ao também crescente movimento de um conservadorismo fanático/retrógrado/repressor que, lamentavelmente, tem tomado força e conquistado um número significativo de adeptos.
Queer não é apenas cultura, também pode ser uma forma de protesto, como mostram as Pussy Riot. O seu exemplo e as novas formas de contestação queer vão estar em debate na Culturgest, em Lisboa, no próximo dia 6.
Um dos mais destacados professores de teoria queer, José Esteban Muñoz, autor de diversas obras dedicadas à temática das minorias e da identidade – como Disidentifications: Queers of Color and the Performance of Politics (1999) e Cruising Utopia: the Then and There of Queer Futurity (2009) - faleceu no início deste mês, anunciou a University of Minnesota Press. A causa da morte não foi revelada.