"Há muitos, muitos anos, eu e a minha Elizabeth perdemos uma filha, apenas com algumas semanas de idade, que se chamava Virginia. Pouco tempo depois, a minha dor foi parcialmente mitigada pela chegada de alguém que a substituiu, por assim dizer, na pessoa da sua irmã mais nova, a Suki, alegre como um carrossel e um deleite para mim desde então. Não obstante, para mim foi sempre uma tristeza nunca ter sabido como seria a Virginia, e na velhice, sentindo insinuar -se a mortalidade, decidi escrever à minha filha uma série de cartas de nobres intenções, à semelhança das que Lorde Chesterfield dirigiu ao filho. No entanto, quanto mais pensava no projecto, mais sentencioso me parecia, e mais eu duvidava das minhas competências para o escrever. "
Poeta, escritor e ensaísta português, Eduardo Pitta, recentemente falecido, o autor de Persona, 2000, Cidade Proibida, 2007e Devastação (2021), era também um viajante culto, apaixonado por História, Arquitectura, as artes no geral e a gastronomia em particular. Exemplo do seu refinado gosto e olhar atento à beleza das pequenas coisas é este livro: Cadernos Italianos, um diário de memórias das suas viagens à histórica capital italiana, Roma, e à sempre romântica cidade dos canais, Veneza.
«Coisas de Loucos», publicado pela Tinta da China em 2020 e já numa segunda edição, é uma obra em que, habilmente, Catarina Gomes resgata do esquecimento alguns dos doentes do primeiro hospital psiquiátrico a abrir e fechar portas no país, o Hospital Miguel Bombarda ou, como outrora conhecido, o Hospital Rilhafoles, Manicómio e/ou Asilo Miguel Bombarda (1848-2011).
Apresenta-se como o primeiro retrato profundo das travestis em Portugal e venceu o Prémio APAV para a Investigação 2019. A obra de Nélson Alves Ramalho “Virar travesti – trajectórias de vida, prostituição e vulnerabilidade social”, que resulta da sua tese de doutoramento, foi agora editada pela Tinta da China.