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UEFA rejeita iluminação do Allianz Arena com cores do arco-íris, mas a Alemanha irá iluminar-se na mesma

Allianz Arena Munique (1).PNG

No passado dia 20 de Junho, soube-se que a Câmara Municipal de Munique propôs iluminar com as cores da bandeira LGBTI+ o estádio Allianz Arena, onde irá decorrer o jogo do Euro 2020, entre a Alemanha e a Hungria, na próxima quarta-feira. A iluminação  com as cores do arco-íris pretendia demonstrar solidariedade com a população da Hungria, depois do parlamento húngaro ter aprovado uma nova legislação anti-LGBTI+.

Apesar da boa intenção por detrás da proposta, a UEFA rejeitou-a. Segundo um comunicado feito pela organização desportiva, esta é “política e religiosamente neutra” e, por isso “dado o contexto político deste pedido - em referência a uma decisão do parlamento nacional húngaro - a UEFA deve recusar o pedido”.

Esta decisão tem sido muito criticada ao longo do dia. Apesar da rejeição, o autarca de Munique, Dieter Reiter refere que não serão impedidos de enviar “um sinal claro à Hungria e ao mundo", afirmando que na quarta-feira, dia do jogo da Alemanha contra a Hungria, que vão ser iluminados, com as cores do arco-íris, vários edifícios junto ao estádio. Dieter Reiter considerou vergonhoso que a UEFA tenha proibido a cidade de "enviar um sinal de cosmopolitismo, tolerância, respeito e solidariedade para com as pessoas da comunidade LGBTI+".

O presidente do FC Bayern de Munique, que já tinha expressado a sua concordância com o autarca de Munique, afirma agora que teriam “ficado muito felizes em ter o estádio iluminado com as cores do arco-íris. A tolerância e a diversidade são valores defendidos pela nossa sociedade e pelo nosso clube".

Em reacção ao caso do dia, os clubes alemães de futebol Eintracht Frankfurt, Colónia, Hertha Berlin, Wolfsburg e Augsburg anunciaram que vão iluminar os seus estádios com as cores do arco-íris durante a partida entre a Alemanha e a Hungria nesta 4ª feira.

A Amnistia Internacional também anunciou esta tarde que vai distribuir bandeiras com as cores do arco-íris na terça-feira em Munique no jogo do Euro2020 entre a Alemanha e a Hungria, como forma de protesto contra as lei homofóbicas do governo ultranacionalista magiar.

 

ILGA Portugal mostra cartão vermelho à UEFA e apela à tomada de posição da FPF

A ILGA Portugal lamenta a decisão da UEFA em rejeitar o que seria "um gesto simbólico, mas de cariz macro no que toca ao posicionamento pró-direitos LGBTI por parte das Associações Europeias de Futebol. A ILGA apelou a que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) possa hastear uma bandeira arco-íris na sua sede e promova políticas de inclusão e diversidade no contexto do futebol nacional.

A ILGA Portugal recorda que, enquanto o capitão da equipa alemã, Manuel Neuer, vestiu uma braçadeira arco-íris – alvo da abertura de uma investigação por parte da UEFA –, o capitão da equipa portuguesa, Cristiano Ronaldo, foi vítima de cânticos de teor homofóbico por parte das bancadas húngaras. "É assim fulcral que a FPF se demarque dos mesmos e clarifique que este tipo de discurso de ódio, além de ir contra o estabelecido na Convenção do Conselho da Europa sobre uma Abordagem Integrada da Segurança, da Proteção e dos Serviços por Ocasião dos Jogos de Futebol e Outras Manifestações Desportivas, não é bem-vindo no desporto" pode ler-se num comunicado enviado à imprensa.

Helena Dalli, Comissária Europeia para a Igualdade, afirmou esta tarde no Twitter: " A iluminação de um estádio com as cores do arco-íris afirma nossa humanidade intrínseca, independentemente de nossa diversidade. 🏳️‍🌈 Arco-íris não é ofensivo. LGBTIQfobia é."

 
 
 
 
 
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Por outro lado, Peter Szijjarto, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria referiu-se a esta polémica comentando que "graças a Deus que nos meandros do futebol europeu ainda prevalece o bom-senso e não cederam a uma provocação política. A UEFA tomou a decisão correcta”.

Neste sentido, importa também recordar que, durante o jogo de Portugal e Hungria, a 15 de Junho, dia em que a legislação anti-LGBT foi aprovada, os “Carpathian Brigade”, grupo patriota de extrema-direita, exibiu faixas anti-LGBTI+ e entoou cânticos anti-LGBT I+ dentro do estádio. Este grupo é conhecido pelo histórico de racismo, homofobia e gestos nazis, marcando presença nos estádios sempre que a Hungria joga com t-shirts pretas para se distinguirem dos restantes adeptos.

Na Hungria, mais do que uma competição desportiva, os jogos do Euro 2020, têm sido, também, uma manifestação da força do governo conservador, que aposta no futebol para consolidar o poder.

Até parecendo contraditório, importa relembrar que a UEFA tem assumido, ao longo do tempo, uma responsabilidade social (pelo menos esse é um dos tópicos presentes no seu site oficial) contando com a criação de campanhas como o #EqualGame - campanha essa que tem unido nomes do futebol, esforçando-se para transmitir a mensagem clara de que o jogo é aberto a todos, independentemente da etnia, idade, sexo, orientação sexual e crenças religiosas. A par desta, outra campanha bem conhecida do público é a “Say not to racism”. Mas se mesmo assim a UEFA considera que se deve manter politicamente neutra em questões LGBTI+ intrinsecamente ligadas aos direitos humanos, descurando e ignorando problemas graves que acontecem nos dias de hoje, talvez, os estatutos desactualizados e conservadores devam ser revistos urgentemente.

 

Sara Lemos

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